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    Indústrias economizam energia e tentam evitar impactos da crise hídrica

    Empresários lutam para preservar a retomada pós-pandemia

    Tainá Falcãoda CNN , Em São Paulo

    A crise hídrica e os impactos no setor elétrico acenderam o sinal amarelo para as indústrias. O setor, que comemorava a retomada das atividades econômicas depois do período mais crítico da pandemia, agora busca formas de economizar energia para não ficar no prejuízo.

    Até agora, o governo tem negado que a crise hídrica desemboque em racionamento ou apagão. O assunto não é consenso entre especialistas.

    Alguns consideram as chuvas dos próximos meses insuficientes para abastecer os reservatórios e questionam se as termelétricas acionadas de emergência darão conta de evitar estrago maior. Na dúvida, vários setores da economia ja se organizam com ações para tentar ao menos amortecer o impacto da escassez.

    “Tem alguns empresários que já estão investindo em auto-geração de energia e geração distribuída para poder produzir sua própria energia pra que, caso haja um racionamento, a produção industrial não ser afetada”, conta o especialista em energia da Confederação Nacional da Indústria (CNI) Roberto Wagner.

    É o caso da gigante de calçados Grendene. Com 11 fábricas no Brasil, há alguns anos, a empresa desenvolveu série de medidas pra racionar energia. Por conta dos novos riscos, agora, evitam usar determinados equipamentos nos horários de pico.

    “A demanda das 18 às 21 horas tem um custo mais elevado. E aí dentro desse consumo mais elevado, a equipe de eficiência energética, também junto com as operações, engenharias e manutenção, observaram oportunidades, por exemplo, de deslocar alguns equipamentos nesse horário”, explica o gerente de desenvolvimento sustentável da empresa, Carlos André Carvalho.

    O movimento reflete o que trouxe pesquisa recente da CNI: 9 em cada 10 empresários estão preocupados com a crise hídrica. O receio é pagar muito caro, sofrer racionamento ou instabilidade de energia.

    A Rodhia, empresa do segmento químico e têxtil, tem monitorado o volume dos reservatórios de água que abastecem as fábricas. Desde a última crise hídrica no Sudeste do país, entre 2014 e 2015, a empresa investe formas de reduzir a captação de água, mesmo com o aumento da produção.

    “Mais de 95% do volume de água que a Rhodia capta, devolvemos para o rio a montante, ou seja, no ponto de captação anterior ao que ela retirou do rio, e numa qualidade de água melhor. Portanto, o impacto da empresa no ecossistema hídrico, ele é praticamente nulo”, afirma o diretor de operações da empresa, Guilherme Faria.

    Embora as empresas tenham entendido que este é um momento de se fazer concessões, o medo é que todo esse trabalho seja em vão.

    “A indústria, nesses últimos meses, vem esboçando uma recuperação com o aumento da produção e estamos começando a recuperar as perdas que o setor teve durante a pandemia, a crise de saúde pública. E é claro que se um racionamento acontecer, todo esse movimento de retomada da produção industrial vai ser afetado. Provavelmente, a gente vai perder esse bom momento que a indústria começa a viver agora”, diz o especialista da CNI.

    Produção de Marcia Barros e Lucas Schroeder, da CNN em São Paulo

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