“Jabutis” em projeto de eólicas offshore vão elevar inflação e prejudicar indústria, diz ex-presidente da EPE
Levantamento calcula elevação de custos ao consumidor em R$ 25 bilhões por ano até 2050, equivalendo a R$ 658 bilhões
Trechos contidos no projeto de lei (PL) para regulamentação de eólicas offshore que não dizem respeito a esta matriz — chamados “jabutis” — devem elevar a inflação e tirar competitividade da indústria, afirma Luiz Barroso, ex-presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e CEO da PSR.
A conclusão se baseia em levantamento da própria PSR Soluções e Consultoria em Energia — apresentado nesta quinta-feira (14), em encontro que reuniu entidades setoriais para tratar dos impactos do projeto.
Segundo o estudo, as medidas contidas no PL vão ter impacto direto no custo da energia para o consumidor. São calculados R$ 25 bilhões por ano até 2050, o que equivale a R$ 658 bilhões.
“Essas contratações não possuem respaldo técnico, não passam no crivo técnico do planejamento”, disse Barroso.
Para o especialista, ao tramitar a medida o Legislativo interfere em atribuição compartilhada pelo Ministério de Minas e Energia e pela EPE, de realizar o planejamento energético do país.
Entre os trechos criticados estão a contratação de usinas térmicas a gás natural inflexíveis e a postergação de prazo para geradores de energia renováveis entrarem em operação com subsídios.
Veja abaixo os “jabutis” e o custo que, individualmente, acarretariam até 2050, segundo o estudo:
- Contratação de UTEs a gás natural inflexíveis: R$ 155 bilhões
- Postergação do prazo para renováveis entrarem em operação com subsídios: R$ 113 bilhões
- Contratação específica de PCHs: R$ 140 bilhões
- Postergação do prazo para MMGD entrarem em operação com subsídio: R$ 101 bilhões
- Manutenção da operação de UTEs a carvão mineral: R$ 92 bilhões
- Construção de planta de hidrogênio: R$ 28 bilhões
- Extensão dos contratos do Proinfa: R$ 24 bilhões
- Contratação específica para eólicas no Sul: R$ 5 bilhões