“Melhor política social é acabar com inflação”, diz Gustavo Loyola à CNN
Fala do ex-presidente do Banco Central vem na esteira de crescentes preocupações de economistas de mercado sobre a possibilidade de o aumento de gastos trazido pela PEC do Estouro pressionar os preços da economia
“A melhor política social que existe é acabar com a inflação”, disse à CNN Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central e sócio da Tendências Consultoria Integrada.
“A inflação é terrível para famílias de renda mais baixa. É uma espécie de imposto que incide sobre os mais pobres. (Combater a inflação) é uma tarefa do Banco Central. É só deixar o BC fazer seu trabalho direito que a inflação vai convergir para menos, talvez não para 2023, mas possivelmente para 2024. O que o governo pode fazer é não atrapalhar. O que poderia atrapalhar? Irresponsabilidade fiscal”, disse.
A fala de Loyola vem na esteira de crescentes preocupações de economistas de mercado sobre a possibilidade de o aumento de gastos trazido pela PEC do Estouro pressionar os preços da economia.
“(O aumento dos gastos de forma descontrolada) eleva o prêmio de risco, os investidores ficam mais cautelosos em relação ao Brasil, o que pode afetar a taxa de câmbio. E o BC tem que praticar os juros mais elevados, ou seja, a dose do remédio anti-inflacionário tem que ser aumentada caso o governo não trate bem da questão fiscal”, disse.
O ex-BC também comentou as expectativas sobre a escolha do ministro do Planejamento, cuja responsabilidade principal envolve a gestão de orçamentos públicos.
“O Ministério do Planejamento cuida do orçamento, então precisa de um técnico, mas também precisa de alguém com capacidade de diálogo com o Congresso e que trabalhe com a Fazenda, formando uma equipe econômica coesa”.
“Se (o futuro ministro) tiver um perfil “gastador” ou descompromissado com o ajuste fiscal, isso seria visto de forma negativa, porque poderia fazer contraponto com o Tesouro, que fica na Fazenda. Precisa ser alguém alinhado com a pauta de reforma, novo arcabouço fiscal”.
Sobre a promessa de o governo Lula de anunciar o novo arcabouço fiscal que substituirá o teto de gastos, Loyola ressalta que “o importante é que haja uma regra previsível, que seja facilmente executável e transparente”.
No entanto, ele ressalta, a regra precisa vir acompanhada de reformas estruturantes.
“A regra fiscal tem que vir acompanhada por reformas que façam com que essa regra seja factível. Não dá para criar uma regra fiscal fantástica, mas que seja inalcançável ou um arcabouço fiscal que todos fiquem passivamente esperando que ele mesmo resolva a situação”.
*Veja a entrevista completa no vídeo.
*Publicado por Ligia Tuon