Mesmo com dívidas menores, Cemig mantém plano de desinvestimentos

No segundo trimestre, a redução da dívida líquida da empresa foi ajudada pela forte posição de caixa da companhia, destacaram executivos

Luciano Costa, da Reuters
Logo da Cemig
Logo da Cemig em painel na bolsa de valores de São Paulo (25/07/2019)  • foto-reuters-amanda-perobelli
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A estatal mineira de energia Cemig pretende continuar com um plano de venda de ativos originalmente desenhado para reduzir dívidas, mas o nível de endividamento atual já é muito mais confortável que no passado recente, disseram executivos da companhia nesta segunda-feira (17).

As afirmações, durante teleconferência de divulgação de resultados com investidores, vieram após questionamentos de um analista sobre o ritmo dos desinvestimentos, dado que a empresa não anunciou operações nos últimos trimestres.

"Nosso plano de desinvestimentos segue, obviamente, no seu devido momento faremos os anúncios, mas não tem nenhuma modificação em relação ao passado, a gente segue com o programa", disse o presidente da Cemig, Reynaldo Passanezi.

Ele não detalhou, no entanto, quais ativos estão atualmente em negociação ou podem ser alvo de transações no curto prazo.

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A Cemig classificou sua participação na elétrica Light, na qual já foi controladora, como ativo mantido para venda, o que gerou impacto negativo no primeiro trimestre, em meio à deterioração no valor das ações da empresa depois da pandemia de coronavírus e seus efeitos no mercado de energia.

Até o final de junho, no entanto, os papéis da Light acumulavam ganhos de mais de 100% em relação à mínima do ano, de R$ 7,30 por ação em meados de março.

A recuperação ajudou nos resultados da Cemig do segundo trimestre, com efeito positivo de R$ 475 milhões, ou R$ 314 milhões sem impostos.

O superintendente de Relações com Investidores, Antonio Carlos Velez, destacou ainda a significativa redução da alavancagem financeira da empresa, medida pela relação entre dívida líquida e geração de caixa ajustada (Ebitda).

Esse indicador de alavancagem fechou o segundo trimestre em 2 vezes, contra 2,28 vezes no primeiro trimestre e 2,7 vezes no fim de 2019. Em 2018, o índice era de 3,24 vezes.

A redução da dívida líquida foi ajudada pela forte posição de caixa da companhia, destacaram executivos – a empresa fechou junho com R$ 3,7 bilhões disponíveis, contra R$ 1,28 bilhão ao final de 2019.

A alavancagem também ficou bem abaixo de limites acertados junto a credores, incluindo de títulos emitidos pela Cemig no exterior, os chamados eurobonds, destacou Velez.

Enquanto os eurobonds exigem da companhia uma alavancagem máxima de 3,5 vezes na Cemig holding e de 4,5 vezes na subsidiária Cemig GT, os números ao final do segundo trimestre ficaram em 2,12 vezes e 2,85 vezes, respectivamente.

"É bastante confortável", disse Velez, que destacou também que a empresa só terá um volume mais significativo de dívidas a vencer em 2024, com a expiração justamente da emissão externa.

Ele também lembrou que a dívida no exterior está atrelada a mecanismos de hedge que limitam o seu custo a 142% do CDI.

"Hoje se tornou uma dívida barata", afirmou.

A Cemig registrou lucro líquido de R$ 1,04 bilhão no segundo trimestre, cerca de 50% abaixo dos ganhos de R$ 2,11 bilhões no mesmo período do ano passado, informou a companhia na última sexta-feira.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) foi de R$ 1,8 bilhão, estável na comparação anual.

Já o Ebitda ajustado, que exclui fatores não recorrentes, ficou em R$ 941 milhões, recuo de 11,3% ano a ano.

A Cemig registrou queda de 6% na energia distribuída por sua unidade de distribuição Cemig-D no segundo trimestre quando na comparação com mesmo período do ano anterior, com impactos da crise do coronavírus sobre a demanda dos clientes.

A receita líquida caiu 15,4% na comparação anual, para R$ 5,9 bilhões.

Cortes

A Cemig registrou no segundo trimestre adesão de 396 funcionários a um plano de desligamento voluntário, disse nesta segunda-feira o diretor financeiro da companhia, Leonardo Magalhães.

Os custos com as demissões deverão retornar para a empresa em cerca de oito meses, uma vez que representarão economia em base anual de R$ 95 milhões, acrescentou o executivo, durante teleconferência com investidores e analistas sobre os resultados entre abril e junho.

Os executivos da Cemig também destacaram um corte de cerca de R$ 150 milhões no orçamento para custos com pessoal, materiais e serviços (PMSO) em 2020.

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