Sem citar Trump, Brics critica tarifas e "protecionismo econômico"

Evitando Estados Unidos e Donald Trump em declaração final, bloco afirma que medidas protecionistas ameaçam "reduzir ainda mais o comércio global"

Danilo Cruz, da CNN, em São Paulo
Texto trata sobre conflitos, instituições globais e reforma da governança internacional  • Isabela Castilho/Divulgação BRICS Brasil
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Em declaração conjunta divulgada neste domingo (6), os líderes do Brics manifestaram grandes "preocupações" com uma escalada protecionista em forma de tarifas e medidas não-tarifárias na economia global e voltaram a defender um comércio multilateral. A informação tinha sido confirmada com antecedência pela CNN.

Sem citar diretamente o presidente americano, Donald Trump, o bloco afirmou que aumento de taxas "ameaçam reduzir ainda mais o comércio global, interromper as cadeias de suprimentos globais e introduzir incerteza nas atividades econômicas e comerciais internacionais, afetando as perspectivas de desenvolvimento econômico globais".

No entanto, pessoas envolvidas nas negociações do comunicado afirmam que Trump foi o alvo.

Além disso, há referências ao protecionismo "sob o pretexto de motivos ambientais", o que remete a medidas tomadas no passado pela União Europeia contra produtos do agronegócio brasileiro.

A Lei Antidesmatamento da UE, que deve entrar em vigência no início de 2026, afeta uma lista de produtos que vão da carne e da soja produzidas no Brasil ao óleo de palma fabricado na Indonésia (recém-incorporada ao Brics).

Declaração final

Sob o tema "Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável", os líderes do Brics também reafirmaram o compromisso com o multilateralismo e a reforma da governança global, buscando um sistema internacional mais justo e representativo, com maior participação de países em desenvolvimento e mercados emergentes.

A Declaração do Rio de Janeiro destacou, ainda, a importância de iniciativas conjuntas, como as declarações sobre Finanças Climáticas e Governança Global da Inteligência Artificial, e o lançamento da Parceria para a Eliminação de Doenças Socialmente Determinadas.

O bloco também expressou preocupação com os conflitos globais, incluindo as situações na Ucrânia, Oriente Médio. A declaração final de líderes do Brics "condena" os ataques militares dos Estados Unidos e de Israel a alvos no Irã, em uma linguagem sutilmente acima de nota conjunta divulgada pelo grupo, mas muito aquém dos termos desejados pela delegação iraniana e provocaram impasse nas vésperas do encontro.

Trata-se de um aceno ao Irã, incorporado como membro do Brics em 2023, representado no Rio de Janeiro pelo chanceler Abbas Araghchi. O presidente Masoud Pezeshkian não veio à cúpula.

Além disso, o Brics reiterou o apoio à reforma de instituições como a ONU e as de Bretton Woods, visando torná-las mais adequadas às realidades do mundo multipolar e garantir uma representação equitativa para o Sul Global.

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