S&P melhora perspectiva da nota do Brasil pela 1ª vez desde 2019

Segundo analistas, apesar do país ainda apresentar grandes déficits fiscais, crescimento contínuo do PIB e organização da política fiscal "podem resultar em um aumento menor do ônus da dívida do governo"

Gabriel Bosa, da CNN, Em São Paulo
Notas de Cem reais
Revisão foi publicada nesta quarta-feira  • José Cruz/Agência Brasil
Compartilhar matéria

O S&P Global Ratings melhorou a perspectiva da nota do Brasil pela primeira vez desde 2019, segundo relatório divulgado nesta quarta-feira (14).

A atualização mudou a classificação do país de "estável" para "positiva", informou a agência.

Segundo os analistas, apesar do país ainda apresentar grandes déficits fiscais, o crescimento contínuo do Produto Interno Bruto (PIB) e a organização da política fiscal "podem resultar em um aumento menor do ônus da dívida do governo do que o inicialmente esperado".

"Revisamos nossa perspectiva para o Brasil de estável para positiva e reafirmamos nossos ratings de crédito soberano 'BB-/B'", informou o grupo.

"Nossa visão positiva baseia-se na perspectiva de que medidas contínuas para enfrentar a rigidez econômica e fiscal podem reforçar nossa visão da resiliência da estrutura institucional do Brasil e reduzir os riscos à sua flexibilidade monetária e posição externa líquida".

A agência de classificação afirmou que as perspectivas de crescimento da economia brasileira podem ser beneficiadas pelos sinais de maior certeza sobre as políticas fiscais e monetárias.

O Brasil surpreendeu os analistas ao mostrar crescimento de 1,9% do PIB no primeiro trimestre, em comparação ao período imediatamente anterior, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicados no início do mês.

O resultado acima do esperado e as recentes indicações de que o Banco Central (BC) pode antecipar o corte dos juros levaram a uma série de revisões para cima do desempenho da economia doméstica neste ano.

Agora, bancos, corretoras e consultorias projetam alta do PIB acima de 2%, mesma direção apontada pelo Ministério da Fazenda.

Até a pandemia, quando as economias brasileira e global passaram por oscilações muito fortes, a última vez em que o Brasil cresceu mais de 2% foi há uma década, em 2013, quando o PIB do país avançou 3%.

"O crescimento contínuo do PIB somado ao quadro emergente para a política fiscal pode resultar em uma carga de dívida pública menor do que o esperado, o que pode apoiar a flexibilidade monetária e sustentar a posição externa líquida do país", informou o S&P.

"Tais desenvolvimentos reforçariam nossa visão da resiliência da estrutura institucional do Brasil, com formulação de políticas estável baseada em amplos freios e contrapesos entre os poderes executivo, legislativo e judiciário do governo".

Acompanhe Economia nas Redes Sociais