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Tesouro só fará aporte nos Correios em último caso, diz Durigan

Secretário afirma que governo resiste e cobra plano de recuperação da estatal; executivos de Citi e BTG levaram preocupações para Fazenda

Cristiane Noberto, da CNN, em Brasília
Segundo Durigan, a prioridade do governo é acompanhar o plano de reestruturação da estatal  • Marcelo Camargo/Agência Brasil
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O número dois do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, afirmou nesta segunda-feira (22) que eventuais aportes do Tesouro Nacional nos Correios devem ser considerados apenas como último recurso.

Segundo ele, a prioridade do governo é acompanhar o plano de reestruturação da estatal, após a troca da diretoria anunciada na semana passada.

Em coletiva de imprensa para detalhar o relatório bimestral de avaliação das contas do governo, Durigan explicou que a nova gestão prepara um plano de ação em três etapas: reorganização da diretoria, um plano de curto prazo para 2025 e outro de médio e longo prazo para enfrentar os desafios estruturais.

“De um lado, há o dever de universalização, que pode impor resultado deficitário para essa empresa pública; de outro, existe uma competição logística global, com concorrentes fortes e disputas de mercado intensas. O Ministério da Fazenda tem a preocupação de garantir que os Correios sejam uma empresa pública sólida, mas isso será feito em conjunto com o Ministério da Gestão e com o Ministério das Comunicações, a quem a estatal está vinculada”, afirmou na ocasião.

O secretário se reuniu no último dia 17 com o Citibank e do BTG, bancos que integram um consórcio ligado à estatal, e, segundo ele, os executivos manifestaram preocupação com a situação financeira da empresa. Segundo ele, o governo tem compromisso em apoiar a reestruturação, mas o foco será em gestão e auditoria.

“O governo tem compromisso em dar suporte necessário, a começar pela auditoria e pelo desenho de um plano de ação consistente com o desafio. Mas ressalto: o Tesouro e a Fazenda veem com muita resistência qualquer eventual necessidade de aporte”, disse.

O debate ocorre em meio ao agravamento da crise financeira da estatal. Em setembro, os Correios pediram ao governo um aporte emergencial de R$ 7 bilhões para evitar colapso operacional e já projetam a necessidade de R$ 2 bilhões ainda em 2025 e outros R$ 5 bilhões em 2026 para sanear as contas.

Além disso, há discussões sobre renegociação de dívidas e cláusulas contratuais que podem antecipar obrigações financeiras, em paralelo à preparação de um plano de modernização.

Durigan destacou ainda que o processo será conduzido pela nova direção da empresa, cabendo ao governo acompanhar de perto a implementação do plano.

“Agora, com a troca e com esses novos planos de ação, que ainda vão ser avaliados por mim e pela equipe, o governo vai estar muito próximo, acompanhando de perto a questão dos Correios. Mas quem lidera esse debate é a nova diretoria”, concluiu.

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