Dólar fecha abaixo de R$ 5,60 à espera de dados de emprego nos EUA; bolsa sobe
Números payroll devem mexer com expectativas dos investidores para tamanho do corte dos juros pelo Fed já neste mês
O Ibovespa engatou a segunda alta e o dólar caiu firme ante o real nesta quinta-feira (5), com mercados em todo o mundo à espera de dados do payroll, o principal indicador do mercado de trabalho nos Estados Unidos, que devem calibrar expectativas para o tamanho do corte dos juros pelo Federal Reserve (Fed) já neste mês.
Outros medidores do emprego na maior economia do mundo publicados nesta manhã mostraram que a abertura de vagas privadas em agosto foi o mais baixo em três anos e meio, enquanto o número de norte-americanos que entraram com novos pedidos de auxílio-desemprego diminuiu na semana passada.
Na cena local, o destaque ficou para o rombo de R$ 9,3 bilhões nas contas do governo central em julho, segundo números do Tesouro. Ao apresentar os dados, o secretário da autarquia, Rogério Ceron, afirmou que o governo poderá fazer um novo bloqueio no orçamento nos próximos dias.
Em meio o cenário de espera por dados do payroll e com dados prévios mais fracos, o dólar registrou queda firme de 1,19% ante o real, negociado a R$ 5,572 na venda.
Na véspera, o câmbio havia ficado praticamente estável.
O principal índice da bolsa brasileira fechou o dia com alta de 0,29%, aos 136.502 pontos, na segunda sessão consecutiva de resultados positivos.
A ponta de cima foi puxada por ações expostas ao desempenho econômico, com alta de 5,99% da MRV (MRVE3) e 3,55% da Natura (NTCO3).
Para Andre Fernandes, sócio da A7 Capital, esse viés reflete ainda os bons números do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre, que aumentaram as previsões para avanço próximo de 3% da economia brasileira neste ano.
Na ponta oposta, Azul (AZUL4) perdeu 3,66%, aumentando a fuga dos investidores em meio desconfianças com a saúde financeira da aérea.
Cenário internacional
A atividade do setor de serviços dos EUA manteve-se estável em agosto, mas os ganhos de emprego desaceleraram, permanecendo consistentes com um mercado de trabalho em desaceleração.
Enquanto isso, a criação de empregos no setor privado dos EUA atingiu o nível mais baixo em três anos e meio em agosto e os dados do mês anterior foram revisados para baixo, o que pode indicar um forte enfraquecimento do mercado de trabalho.
Em contrapartida, o número de norte-americanos que entraram com novos pedidos de auxílio-desemprego diminuiu na semana passada, já que as demissões continuaram baixas.
“Os números do setor de serviços aliviaram algumas preocupações sobre a força da economia”, disse Adam Button, analista-chefe de câmbio da Forexlive. “Não há sinais de um pouso forçado em nenhum dos números”.
Rombo das contas
As contas do governo central, que engloba Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social, registraram um rombo de R$ 9,3 bilhões em julho deste ano.
O resultado é 75,3%, em termos reais (descontada a alta da inflação no período), menor que o registrado no mesmo mês do ano passado, quando o déficit primário foi de R$ 35,9 bilhões.
No acumulado do ano, o rombo chega a R$ 77,8 bilhões, 5,2% menor em termos reais que o registrado no mesmo período de 2023, em que o valor ficou deficitário em R$ 79,1 bilhões.
O secretário do Tesouro Nacional disse que a equipe econômica tem observado uma “pressão adicional” nos custos da Previdência Social que pode resultar na suspensão de recursos discricionários.
“Pode ser que venha uma pressão adicional de Previdência e que exija um bloqueio adicional. Não me parece, neste momento, que vai ocorrer uma pressão dos níveis que observamos no bimestre passado, mas vamos observar”, afirmou Ceron em coletiva de imprensa para comentar os resultados do Tesouro de julho.
*Com Reuters