Ibovespa fecha em queda com inflação nos EUA e política do Fed no radar; dólar sobe
Moeda norte-americana terminou esta terça-feira (14) com alta de 0,37%, cotada a R$ 5,695
O Ibovespa terminou esta terça-feira (14) em queda de 0,58%, aos 106.759,92 pontos. Os dados de inflação ao produtor nos EUA pesaram tanto na Bolsa de Valores, quanto na moeda norte-americana e em Wall Street. O dólar encerrou em alta de 0,37%, cotado a R$ 5,695 – o maior patamar desde 13 abril deste ano.
O principal índice brasileiro começou o dia no azul, enquanto os investidores estavam de olho na tramitação da PEC dos Precatórios no Congresso e digeriam os dados de serviços nacionais. Já a moeda norte-americana iniciou esta terça-feira em queda frente ao real com a divulgação da ata do Copom (Comitê de Política Monetária).
“Lá fora você tinha uma pressão lateral pela expectativa de inflação ao produtor dos EUA, que poderiam impactar as políticas do Fed”, explica Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos. Contudo, o dado veio bem acima do esperado e o mercado inverteu.
” Se viesse mais brando, poderíamos esperar uma ajuste menor na elevação de juros e também até uma demora maior do programa de títulos [do BC norte-americano]. Com esse dado, o juros terá que ser elevado”, diz Franchini. “E isso faz pressão no mercado emergente, como o Brasil… mesmo sendo uma bolsa barata frente às globais”.
No acumulado de 12 meses até novembro, o PPI disparou 9,6%. Esse é o maior ganho desde novembro de 2010, após acréscimo de 8,8% em outubro.
Economistas ouvidos pela Reuters previam que o PPI subisse 0,5% em uma base mensal e 9,2% ano a ano.
Excluindo os componentes voláteis de alimentos, energia e serviços de comércio, os preços ao produtor aumentaram 0,7%. O chamado núcleo do PPI ganhou 0,4% em outubro.
No acumulado de 12 meses até novembro, o núcleo do PPI saltou 6,9%, maior avanço desde que os dados de 12 meses foram calculados pela primeira vez em agosto de 2014. O número veio após alta de 6,3% em outubro.
“[Assim], o mercado está cauteloso pois teremos reunião do Fed amanhã, podendo trazer diminuição dos estímulos monetários com maior intensidade”, disse Bruna Marcelino, estrategista-chefe da Necton Investimentos.
Sobe e desce da B3
Veja os principais destaques de hoje:
Maiores altas
- Marfrig (MRFG3) +6,80%
- JBS (JBSS3) +5,34%
- BRF (BRFS3) +3,58%
- Rumo (RAIL3) +2,32%
- Bradesco (BBDC4) +1,51%
Maiores baixas
- Banco Pan (BPAN4) -11,85%
- Locaweb (LWSA3) -11,11%
- Méliuz (CASH3) -10,68%
- Banco Inter (BIDI11) -8,29%
- Banco Inter (BIDI4) -7,67%
Dólar
Felipe Vella, analista técnico da Ativa Investimentos, explica que dois fatores pesaram na alta da moeda hoje, “em primeiro lugar foi esse clima de receio, que coloca os mercados em modo risk off (momento em que grandes investidores não querem tomar risco), tirando dólares do Brasil, o que faz com que a cotação da moeda suba”.
E a demanda natural por dólares que acontece todo fim de ano para remessas e fechamento global, “esse excesso de demanda e falta de oferta traz mais pressão compradora para a moeda e faz o cambio subir no curto prazo”, explica.
BC brasileiro
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse hoje que quando há a percepção de que a autoridade monetária está intervindo no câmbio além do nível necessário para cobrir um gap de liquidez, os investidores tendem a buscar outro instrumento de proteção que não o dólar, já que há a percepção de que a moeda perde sua condição de ‘hedge’ em meio à atuação “exagerada”.
“A gente vê claramente que, em momentos em que teve essa percepção, a curva longa de juros sofreu um enorme dano, porque as pessoas vão deixar de se proteger no dólar e vão passar a se proteger nos juros longo, que é um instrumento muito mais difícil, e que não existe uma forma de intervenção tão clara”, afirmou durante evento promovido pelo Tribunal de Contas da União (TCU), ressaltando que o país já teve experimentos recentes nesse sentido na história recente.
“A intervenção tem que ser para suprir esses gaps de liquidez, porque você não pode eliminar a característica de hedge que o instrumento oferece”, acrescentou.
Ele reiterou que o BC acredita no princípio da separação, em que os juros são usados para fins de política monetária e macroprudencial e em que o câmbio é flutuante.
“Temos que intervir em momentos de gap de liquidez”, frisou.
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Histórico
Os investidores nacionais estavam atentos ainda à votação na Câmara nesta tarde da PEC dos Precatórios e os dados de serviços.
Caso a Câmara não aprove o prazo estipulado pelo Senado para vigência do “subteto”, o pagamento de precatórios ficará sem prazo definido, disse o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR).
Barros disse que o prazo para pagamento de precatórios deve ser aprovado na Câmara como 2026, caso contrário, há o risco de o pagamento ficar sem prazo.
Para a oposição, empurrar o pagamento dos precatórios é criar uma “bola de neve” para a dívida nos próximos anos. “É como alguém que recebe a fatura do cartão, paga uma parte e joga todo o resto para o próximo mês, com a incidência de juros, e acha que está com as contas em dia”, compara o deputado Alessandro Molon, líder da Oposição na Câmara.
Dados de serviços
A atividade no setor de serviços – a de maior peso na economia brasileira – frustrou expectativas e contraiu na margem pelo segundo mês consecutivo em outubro, com dados de setembro sendo revisados para baixo, num combo que se soma a indicadores recentes apontando esfriamento da recuperação enquanto a inflação segue alta e as condições financeiras ficam mais restritas.
A retração de outubro foi a mais forte para o mês desde 2016 e a mais expressiva para qualquer mês desde março passado.
O volume dos serviços prestados no Brasil recuou 1,2% na passagem de setembro para outubro, acumulando retração de 1,9% considerando a queda de setembro, mostraram dados do IBGE ajustados sazonalmente nesta terça-feira.
Ante outubro de 2020, houve avanço de 7,5%, com crescimento em quatro das cinco atividades e oitava taxa positiva seguida.
Analistas consultados pela Reuters projetavam alta mensal de 0,1%, com ganho de 9,5% na comparação anual.
Com o resultado negativo de outubro, o segmento reduziu a distância em relação ao patamar pré-pandemia –está agora 2,1% acima dessa linha, de 3,3% em setembro e 4,1% em agosto– e fica 9,3% abaixo do recorde alcançado em novembro de 2014.
Quatro das cinco atividades investigadas recuaram no mês de outubro, com destaque para serviços de informação e comunicação (-1,6%), que apresentaram a segunda taxa negativa consecutiva, acumulando retração de 2,5% no período.
“O segmento que mostrou o principal impacto negativo foi o de telecomunicações. Essa queda é explicada pelo reajuste nas tarifas de telefonia fixa, que avançaram 7,33% nesse mês. Essa pressão vinda dos preços, acabou impactando o indicador de volume do subsetor”, disse o gerente da pesquisa dos serviços.
A inflação se manteve como vilã também ao explicar parte da queda no serviço de transporte aéreo de passageiros, segundo Rodrigo Lobo, gerente da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em queda por dois meses consecutivos após aumento dos preços dos tíquetes.
*Com Reuters e informações de Raphael Coraccini e Basília Rodrigues, ambos da CNN