CNN Brasil Money

Propaganda "flopada", fuga de clientes e Trump: onde a Jaguar errou?

Imbróglio envolve mudanças de liderança, queda nas vendas e forte concorrência de montadoras como Tesla

Jordan Valinsky, da CNN
Jaguar Type 00 durante a Paris Fashion Week
Jaguar Type 00 durante a Paris Fashion Week  • Jaguar/Divulgação
Compartilhar matéria

Quase um ano atrás, a Jaguar revelou uma identidade de marca atualizada que deveria inaugurar seu futuro. Porém, desde então, a vida da empresa tem sido uma dor de cabeça.

A fabricante de automóveis de luxo de 102 anos, que já foi concorrente de marcas como Mercedes-Benz e BMW, foi atormentada por problemas antes mesmo do lançamento da campanha publicitária, incluindo mudanças de liderança, queda nas vendas em meio a uma linha obsoleta e forte concorrência de montadoras de luxo alemãs, bem como iniciantes como a Tesla.

Agora, pode adicionar mais dois problemas na conta: manchetes enganosas sobre suas vendas e indignação da direita norte-americana — principalmente por parte do presidente Donald Trump.

Na segunda-feira (4), o republicano acabou com a Jaguar pelo que chamou de campanha publicitária "estúpida" e "seriamente woke" no ano passado, que apresentava um comercial de vanguarda com o que pareciam ser modelos de gênero fluido, mas zero imagens de seus carros ou mesmo conceitos de um carro.

"Quem quer comprar um Jaguar depois de ver aquele anúncio vergonhoso", disse Trump no Truth Social. "A destruição da capitalização de mercado foi sem precedentes, com BILHÕES DE DÓLARES TÃO TOLAMENTE PERDIDOS."

Mas a realidade é diferente.

A Jaguar Land Rover é propriedade da Tata Motors desde 2008, quando a empresa indiana a comprou da Ford, o que significa que a Jaguar não tem valor de mercado. E a própria Tata está indo bem como um enorme conglomerado multinacional com uma ampla variedade de operações no valor de cerca de US$ 28 bilhões.

Além disso, os problemas da Jaguar são mais fundamentais. Embora a maioria das montadoras tradicionais tenha tentado gerenciar uma transição suave para a propulsão totalmente elétrica, a Jaguar simplesmente deixou de fabricar carros que queimam combustível em 2024, retirando todos os seus produtos do mercado enquanto tenta se reinventar como fabricante de veículos elétricos.

Mas isso é o suficiente para estabelecer uma narrativa na mente de muitos. As manchetes circularam no mês passado de que as vendas da Jaguar em toda a Europa caíram 97,5% ano a ano em abril, citando dados da Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis. Isso faz sentido, já que a Jaguar parou de fabricar carros, mas a notícia foi suficiente para atrair a ira de Trump e de alguns conservadores.

Pouco depois do lançamento do anúncio, a Jaguar revelou seu carro-conceito Type 00 na Miami Art Week — notavelmente, não em um show automotivo tradicional. Embora o conceito não se destine à produção, ele se destina a mostrar a direção geral do design futuro da Jaguar.

A Jaguar não respondeu a uma pergunta da CNN Internacional sobre quando começará a produção novamente.

Na semana passada, o CEO da Jaguar Land Rover, Adrian Mardell, anunciou que estava deixando o cargo após 35 anos na marca.

Ele teve uma passagem muito bem-sucedida, tendo ajudado a eliminar bilhões de dólares em dívidas e com a JLR relatando seu nono trimestre lucrativo consecutivo em janeiro, devido às fortes vendas de SUVs.

A Tata Motors nomeou na segunda-feira P.B. Balaji, atualmente diretor financeiro da empresa, como o novo CEO da Jaguar Land Rover. Ele começa em novembro.

Traduzido por Sofia Kercher

Esse conteúdo foi publicado originalmente em
inglêsVer original 
Acompanhe Economia nas Redes Sociais