Sindicato da Samsung convoca greve inédita na Coreia do Sul após paralisação de negociações salariais

Representante dos trabalhadores diz que empresa não promovia conversas transparentes com sindicato

Yoonjung Seo e Juliana Liu, da CNN, Seul / Hong Kong
Membros do sindicato National Samsung Electronics Union (NSEU) seguram faixas com a frase "Respeite o trabalho" em frente ao edifício Samsung Electronics Seocho, em Seul, Coreia do Sul  • 24/05/2024 - REUTERS/Kim Soo-hyeon
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Um sindicato que representa milhares de trabalhadores da Samsung na Coreia do Sul convocou uma greve de um dia na próxima semana, no que seria a primeira paralisação do tipo na fabricante de smartphones e chips.

O Nationwide Samsung Electronics Union (NSEU) disse na quarta-feira (29), durante coletiva de imprensa transmitida em seu canal oficial no Youtube, que seus 28.000 associados – pouco menos de um quarto da força de trabalho total da empresa no país – entrariam em greve em 7 de junho, após negociações fracassadas sobre salários e acordos de bonificação.

“Não podemos continuar na normalidade com uma empresa que não tem vontade de negociar”, afirmaram os representantes sindicais, acrescentando que “lutaremos pelos direitos e interesses dos trabalhadores”.

Son Woomok, um líder sindical, disse à CNN Internacional que muitos membros do NSEU trabalhavam para a principal unidade de semicondutores da Samsung.

“Exigimos bônus de desempenho e aumentos salariais transparentes e justos”, disse ele em entrevista.

“Nunca houve uma negociação salarial adequada. O [resultado] sempre foi anunciado no conselho gestor do trabalho, que não inclui o nosso sindicato, e a empresa nos dizia para aceitá-lo”, acrescentou.

Em comunicado à CNN, um porta-voz da Samsung disse que “a empresa continua comprometida em se envolver em negociações de boa fé com o sindicato e está fazendo todos os esforços sinceros para chegar a um acordo”.

A maior fabricante de chips de memória do mundo teve alguns anos difíceis.

A escassez histórica de chips de computador durante a pandemia de Covid foi seguida pela queda da procura, uma vez que o apetite dos consumidores por produtos eletrônicos permaneceu fraco devido à incerteza econômica global.

Em janeiro, a Samsung relatou um lucro operacional de apenas 6,567 trilhões de won (US$ 4,8 bilhões) em 2023, seu desempenho anual mais fraco desde 2009, de acordo com o Wall Street Journal.

A Samsung também chegou a perder por um momento a coroa de maior fabricante de smartphones do mundo para a Apple.

Mas as coisas estão melhorando para a empresa por causa do boom da IA.

A Samsung está otimista quanto ao ressurgimento da procura de dispositivos móveis este ano, especialmente com o lançamento de novos produtos, como smartphones alimentados por IA.

No mês passado, a Samsung relatou um aumento de mais de 10 vezes no lucro operacional do primeiro trimestre em meio a previsões de alta demanda por IA e chips de última geração, uma área em que compete com a Intel e a taiwanesa TSMC.

A grande maioria dos microchips avançados do mundo é fabricada em apenas dois lugares: Taiwan e Coreia do Sul. A indústria de Taiwan é maior e mais dominante, algo que a Coreia do Sul deseja desafiar.

Manveena Suri, da CNN Internacional

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