William Waack

Sanções e tarifas são contraproducentes como política recorrente, diz IIF

Marcello Estevão, diretor-gerente e economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais, alerta que o uso excessivo dessas medidas contribui para a erosão da confiança global

Da CNN Brasil
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O diretor-gerente e economista-chefe do IIF (Instituto de Finanças Internacionais, na sigla em inglês), Marcello Estevão, alertou para os riscos do uso de sanções e tarifas como política econômica e diplomática frequente. Segundo Estevão, embora essas ferramentas possam gerar vitórias táticas em circunstâncias específicas, seu emprego excessivo e recorrente tende a ser contraproducente para a ordem global. 

Em participação no programa ‘WW Especial’, da CNN, o economista destacou que as sanções e tarifas podem ser taticamente bem-sucedidas apenas quando há metas estreitas e uma ampla coalizão de países apoiando a ação e um regime robusto de fiscalização e aplicação das medidas. 

“Como política de uso recorrente e maximalista, elas [sanções e tarifas] tendem a ser contraproducentes, porque elas fortalecem redes alternativas, deslocam fluxos para arranjos, criam custos difusos para aliados e, sobretudo, corroem a confiança que sustenta a posição central dos Estados Unidos no sistema econômico e financeiro internacional", afirmou. 

Estevão ressaltou que os resultados econômicos em geral são negativos. As tarifas, por exemplo, promovem uma mudança de direção de comércio de forma ineficiente. Já as sanções enfrentam dificuldades de efetividade, pois é raro haver um conjunto global de agentes que as apoiem integralmente. 

Ex-diretor do Banco Mundial, com passagens pelo Fed (Federal Reserve) — o banco central dos Estados Unidos — e FMI (Fundo Monetário Internacional), Marcelo Estevão apontou a existência de "válvulas de escape" que enfraquecem a eficácia das sanções, citando o caso da Rússia, que continua vendendo petróleo para a China e Índia, inclusive por meio das chamadas "embarcações sombras". 

“Se existem essas válvulas de escape, as sanções tendem a ser muito menos produtivas. Existe todo um mecanismo internacional para lidar com relações econômicas e diplomáticas e políticas internacionais que não caíram do céu”, ressaltou.  

Estevão concluiu que o uso unilateral dessas medidas subverte o sistema internacional colaborativo estabelecido após a Segunda Guerra Mundial. 

"Quando um país decide que tem uma soberania única, que pode impor sanções, isso tende a ser contraproducente, inclusive para a posição daquele país nesse sistema internacional que é colaborativo por tradição e por definição", finalizou. 

WW Especial

Apresentado por William Waack, o programa é exibido aos domingos, às 22h, em todas as plataformas da CNN Brasil.

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*Publicado por Jorge Fernando Rodrigues 

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