Tarifaço: Decisão de Trump tem inclinação política, diz economista
Sergio Vale, da MB Associados, afirma que decisão do presidente dos EUA tem motivação política e não econômica, dificultando negociações
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na quarta-feira (9) a imposição de uma tarifa de 50% para todos os produtos do Brasil. Segundo Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, em entrevista à CNN, essa decisão tem uma clara inclinação política.
Vale argumenta que não há justificativa econômica para tal medida: "A razão econômica não tem, porque no caso americano com o Brasil, eles têm superávit comercial já há algum tempo, e esse ano isso se ampliou e está em quase U$ 1,7 bilhões".
Precedente preocupante
O economista destaca que a ação de Trump abre um precedente preocupante: "Abre um precedente novo de um Trump que tem feito essas decisões tarifárias do ponto de vista minimamente econômico, mas também sem nenhuma estratégia, sem nenhum pensamento concreto em relação a isso".
Vale ressalta a arbitrariedade da decisão: "As tarifas saem do nada, sem muita razão. Por que 50%? Por que 30%? Não tem uma razão econômica por trás disso", pontua.
Dificuldades nas negociações
A natureza política da decisão torna as negociações particularmente desafiadoras, conforme explica Vale: "Uma questão econômica você senta para negociar, mostra que tem um superávit, tem razões e tem condições de conversa. Uma razão política como essa, você já interdita de início uma tentativa de solução".
O economista prevê dificuldades nas relações comerciais futuras: "É difícil imaginar que ao longo do segundo semestre, nos próximos meses, a gente não vá ter uma tarifa maior do que a gente tinha até agora com o Trump na primeira rodada de tarifa que ele fez em 2 de abril".
Vale conclui alertando sobre as implicações de longo prazo: "Tem implicações econômicas de longo prazo pela dificuldade de solução dessa situação de como o Trump colocou. A questão política por trás torna tudo muito difícil de negociar e de resolver".


