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    Taxação de super-fundos deve render R$ 10 bilhões ao governo, mas é insuficiente, segundo especialistas

    Analistas avaliam que essa mudança não terá efeitos recorrentes e pode levar à fuga de investidores da modalidade

    Super fundos, ou fundos exclusivos, são aqueles que recebem recursos de um único investidor
    Super fundos, ou fundos exclusivos, são aqueles que recebem recursos de um único investidor pch.vector/Freepik

    Iasmin Paivada CNN

    São Paulo

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    A mudança na taxação dos super-fundos, ou fundos exclusivos, é uma das propostas da equipe econômica para aumentar a arrecadação do governo.

    Para especialistas, contudo, a medida é insuficiente para atingir a meta de Orçamento para 2024.

    Esses fundos são aqueles que recebem recursos de um único investidor. Atualmente, eles são taxados apenas quando o cotista realiza o resgate do dinheiro.

    A proposta do Ministério da Fazenda é de que esses ativos possam ser tributados periodicamente.

    Analistas avaliam, no entanto, que essa mudança seria insuficiente para o governo resolver as contas públicas, por ser uma medida que não terá efeitos recorrentes, além de ser pontual no universo de investimentos que ainda são tributados apenas no resgate.

    O governo tem até 31 de agosto para apresentar o Projeto de Lei Orçamentária Anual (Ploa) de 2024 e mostrar como irá cumprir a meta fiscal.

    A meta definida pela equipe econômica é de tirar as contas do vermelho e zerar o déficit primário, ou seja, não voltar a gastar mais do que arrecada.

    Para cumprir esse objetivo, o valor necessário para fechar as contas do ano seria de R$ 130 bilhões, segundo cálculo da Genial Investimentos.

    Yihao Lin, coordenador de análise macro da Genial, avalia que a mudança na implementação do imposto deve gerar um retorno de aproximadamente R$ 10 bilhões, segundo média de estimativas do mercado, o que representaria menos 10% do valor necessário.

    Mas segundo o analista, a aplicação da nova taxação seria insuficiente comparado ao que o governo precisa, não apenas pelo percentual baixo que ela representa, mas principalmente porque os ganhos seriam isolados, e não recorrentes.

    “Os valores arrecadados pela nova maneira de tributar os fundos seriam provenientes do estoque de rendimentos que eles tiveram até hoje, mais adiante, essa tributação não vai ter o mesmo valor, o governo não vai ter esse ganho estrutural”, explica o especialista. 

    Já Paulo Feldmann, professor de economia a Universidade de São Paulo (USP), avalia que a taxação dos fundos exclusivos vai provocar uma fuga de capital dessa modalidade e não deve resolver a questão das contas públicas.

    “O governo precisa taxar as aplicações financeiras, relativamente, da mesma maneira, se não o aplicador foge de um produto e vai para outros”, explica. 

    Entre os dias 1º de abril e 18 de julho deste ano, após a Fazenda anunciar que estudava a mudança na tributação, os fundos exclusivos registraram resgates de R$ 27 bilhões no patrimônio, segundo levantamento feito pela plataforma TradeMap a pedido da CNN. 

    Existiam 2.685 fundos dessa modalidade em abril, contra 2.568 em julho. Isto é, 117 fundos de “super ricos” a menos.

    O patrimônio total registrado também caiu: de R$ 939 bilhões para R$ 756,76 bilhões, queda de R$ 183 bilhões.

    Veja também: Governo pretende tributar fundos de super-ricos para orçamento de 2024

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