
Waack: Brasil sufocado por juros e política sem rumo
O que mais preocupa é um ambiente político sem lideranças efetivas, capazes de coordenar um rumo para fora da estagnação
É claro que preocupa — e muito — mais uma alta da taxa básica de juros, como acaba de ser decidida pelo Banco Central. O Brasil volta a ocupar o segundo lugar no ranking global das maiores taxas de juros reais. É uma taxa sufocante em todos os sentidos.
Há razoável consenso de que esse patamar resulta, principalmente, de uma política fiscal que garante despesas crescendo mais do que as receitas.
Mas a maior preocupação já nem é mais com o governo — o Lula 3 — que criou para si próprio essa armadilha fiscal.
O problema maior está na atmosfera geral da política brasileira. Executivo, Legislativo e Judiciário parecem acreditar que o problema é do outro. Na prática, mantêm posturas que pouco contribuem para corrigir a rota.
Ao contrário, o próprio Congresso "contribui" com irresponsabilidades fiscais, enquanto diz cobrar do governo medidas para cortes de gastos.
Não parece haver senso de urgência — embora sejam gritantes as evidências de que a preocupante dívida pública não para de subir. O governo, por sua vez, se empenha apenas em aumentar impostos para cobrir brechas no orçamento. Tendo perdido, há tempos, qualquer capacidade de investimento.
Enquanto isso, a produtividade do país segue estagnada há quatro décadas. E, com ela, a nossa capacidade de sair dessa asfixia.
O que mais preocupa é um ambiente político sem lideranças efetivas coordenando um rumo para fora da estagnação. Capazes de agir diante de uma triste constatação: estamos todos afundando juntos.