Brasil tinha 9,1 milhões de analfabetos em 2024, divulga IBGE

Nordeste concentra o maior percentual de pessoas que não sabem ler e escrever

Victoria Nogueira Rosa, colaboração para a CNN Brasil
Lápis de escrever
Brasil registrou 9,1 milhões de pessoas analfabetas em 2024, aponta IBGE  • ROCCO STOPPOLONI/Unsplash
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O Brasil tinha 9,1 milhões pessoas com mais 15 anos ou mais analfabetas em 2024. Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (13).

Segundo o IBGE, o número, quando comparado a 2023, representa uma redução de aproximadamente 197 mil pessoas sem saber ler e escrever. O registro também é o menor da série histórica iniciada em 2016. No ano em que a coleta de dados começou, o percentual de analfabetos era de 6,7%, caindo para 5,4% em 2023. Em 2024, o dado foi de 5,3%.

 

A região Nordeste apresenta o percentual mais elevado de pessoas que não sabem ler e escrever: 11,1%. O Norte aparece em seguida, com 6%. As menores taxas foram observadas no Centro-Oeste (3,3%), Sudeste (2,8%) e Sul (2,7%).

Recorte por idade

Quando considerado o grupo de pessoas analfabetas formado pelas pessoas de 18 ou mais, o percentual era de 7,1% em 2016. Em 2024, o índice registrado foi de 5,5% — queda em relação a 2023, quando era de 5,7%.

No caso das pessoas de 25 anos ou mais, o percentual de analfabetos foi de 8,3% em 2016, caindo para 6,5% em 2023 e 6,3% em 2024.

Quanto à população de 40 anos ou mais, o percentual foi de 12,1% em 2016, indo para 9,4% em 2023 e 9,1% em 2024.

Segundo o IBGE, o analfabetismo segue fortemente associado à idade. Em 2024, eram 5,1 milhões de analfabetos com 60 anos ou mais, o que corresponde a uma taxa de 14,9% para esse grupo etário. O percentual, no entanto, é menor quando comparado ao início da série histórica (20,5%) e em relação a 2023, quando era de 15,4%.

"Os dados indicam que as novas gerações estão tendo maior acesso à escolarização e sendo alfabetizadas ainda na infância. Contudo, os analfabetos permanecem concentrados nas faixas etárias mais velhas. Essa diferença etária de quase 10 pontos percentuais entre os extremos da população reforça a importância de políticas específicas para alfabetização de adultos e idosos", destaca o estudo.

Homens e mulheres

Em 2024, a taxa de analfabetismo entre mulheres de 15 anos ou mais foi de 5%, enquanto entre os homens de 5,6%. Houve queda nos dois grupos quando comparados ao início da série histórica — 6,5% para mulheres e 7,0% para homens.

A queda também foi registrada em relação a 2023. Naquele ano, a taxa de analfabetismo dentro da faixa etária e separada por gênero foi de 5,2% para mulheres e 5,7% para homens.

Na população com 60 anos ou mais, a taxa de analfabetismo das mulheres permaneceu ligeiramente superior à dos homens, com 15,0% para mulheres e 14,7% para homens.

Assim como no caso anterior, houve queda nos níveis de analfabetismo no grupo de pessoas de 60 anos ou mais em relação ao início da série histórica (21,1% para mulheres e 19,7% para homens) e a 2023, quando os percentuais foram de 15,5% e 15,4%, respectivamente.

O IBGE destaca que a convergência das taxas por sexo, especialmente entre os mais velhos, sugere avanços na escolarização feminina nas gerações mais recentes, embora o legado de desigualdade educacional do passado ainda esteja presente.

Cor ou raça

A análise por cor ou raça evidencia a persistência das desigualdades educacionais, salienta o IBGE. Em 2024, 3,1% das pessoas de 15 anos ou mais de cor branca eram analfabetas, enquanto a taxa registrada foi de 6,9% entre pessoas pretas ou pardas nesse mesmo grupo de idade.

Quando comparados ao início da série histórica, é possível, no entanto, observar a queda dos percentuais. Em 2016, 3,8% das pessoas de 15 anos ou mais de cor branca eram analfabetas. O percentual era de 9,1% quando comparado ao de pessoas pretas ou pardas.

A queda também pode ser vista em relação a 2023, quando 3,2% das pessoas de 15 anos ou mais de cor branca eram analfabetas contra 7,1% em relação às pessoas pretas ou pardas.

A diferença de raças se acentua entre os idosos, evidenciando um legado estrutural de exclusão educacional. Em 2024, na faixa de 60 anos ou mais, 8,1% das pessoas brancas eram analfabetas, contra 21,8% entre as pretas ou pardas.

Assim como no caso dos mais jovens, os percentuais caíram em relação ao início da série histórica. Em 2016, 11,8% das pessoas de 60 anos ou mais de cor branca eram analfabetas. O percentual saltava para 30,7% quando comparado ao de pessoas pretas ou pardas.

A queda nos níveis de analfabetismo foram novamente vistos relação a 2023, quando 8,6% das pessoas de 60 anos ou mais de cor branca eram analfabetas contra 22,7% em relação às pessoas pretas ou pardas.