Redação Fuvest 2026: IA, nacionalismo e consumo são apostas de professores
Docentes de cursinhos apontam temas possíveis para prova e orientam nas estratégias para novo formato do exame

Professores apostam que a prova de redação da segunda fase da Fuvest 2026 deve trazer temas ligados a tecnologia e democracia, ódio e engajamento nas redes, geração Z e mundo do trabalho, inteligência artificial, consumo e construção de identidade, em propostas amplas e conceituais, com recortes sociais e culturais.
A expectativa é de que a banca mantenha propostas amplas e conceituais, com recortes sociais e culturais, em linha com a tradição de reflexão crítica sobre a sociedade contemporânea.
A segunda fase da Fuvest acontece no domingo e segunda-feira (14 e 15), sendo que a redação será aplicada no primeiro dia.
Para Maria Clara Martho, professora de literatura e de redação do Poliedro Curso SP, a chave está menos em “acertar” um tema específico e mais em entender tendências da sociedade que podem orientar a escolha da banca.
"A prova da Fuvest parte de conceitos, muitas vezes abstratos, como 'riso' ou 'solidariedade'. As propostas apontam fenômenos sociais e convidam o estudante a questionar e problematizar alguns comportamentos e mentalidades que permeiam o senso comum."
Em 2025, ela afirma, essa observação se conecta a debates sobre plataformas digitais, discursos de ódio, consumo mediado por influenciadores, transformações do trabalho e uso de inteligência artificial.
Daniela Toffoli, professora de redação do curso Anglo, segue direção semelhante, mas organiza a previsão em eixos mais gerais.
Segundo Daniela, a Fuvest costuma propor discussões conceituais que envolvem tecnologia e condição humana, sustentabilidade e responsabilidade coletiva, cultura digital e relações humanas, democracia e participação social, trabalho e transformações sociais.
"A banca evita recortes muito específicos ou fortemente polarizados e prefere temas que permitam múltiplas abordagens filosóficas e sociológicas."
As duas leituras convergem na ideia de que a prova deve continuar tratando de questões contemporâneas de forma abstrata, sem se limitar a um problema nacional pontual, como ocorre com maior frequência no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).
A mudança relevante deste ano, de acordo com a plataforma COC, não está no tipo de tema, mas no formato da redação. O candidato escreverá a partir de uma coletânea única e poderá optar entre uma proposta dissertativa-argumentativa e outra de gênero diferente, como crônica, carta ou manifesto.
Isso exige, segundo os professores, domínio tanto do repertório sociocultural quanto das características de cada gênero textual.
Confira dez previsões de temas:
- Big techs e impacto na democracia
- Ódio como ferramenta de engajamento nas redes
- Nacionalismo e xenofobia em políticas migratórias
- Inteligência artificial e criatividade humana
- Geração Z e o futuro do trabalho
- Tendências de consumo e construção de identidade
- Sustentabilidade e responsabilidade coletiva (crise climática e deveres individuais e coletivos)
- Cultura digital e relações humanas (comunicação, identidade, comportamento social)
- Democracia e participação social (cidadania, valores democráticos)
- Trabalho e transformações sociais (novas relações trabalhistas e seus impactos)
Na prática, as listas indicam um mesmo núcleo de preocupação: como tecnologia, redes sociais, trabalho, consumo e formas de participação pública reorganizam a vida social.
Cabe ao candidato, no dia da prova, reconhecer esse horizonte na proposta, interpretar com precisão o recorte conceitual, escolher o gênero em que tem mais domínio e articular argumentos de forma clara e consistente.
Será excluído o candidato que tirar zero na redação ou errar todas as questões de qualquer um dos dias.
Como se preparar?
Na visão de especialistas da plataforma COC, a redação segue com peso decisivo no resultado final.
Para professores da plataforma, a estratégia de preparação, na reta final, deve priorizar alguns pontos: conhecer os critérios de correção da Fuvest, interpretar com atenção o comando, adequar o texto ao gênero solicitado, planejar a estrutura antes de escrever e selecionar repertórios que realmente dialoguem com o tema, evitando referências decoradas.
Eles chamam a atenção para erros recorrentes, como interpretar parcialmente o tema, produzir textos apenas expositivos, acumular muitos argumentos mal desenvolvidos, incluir ideias inéditas na conclusão ou desrespeitar o gênero proposto.
Fuvest 2026 – segunda fase
- Datas: dias 14 e 15 de dezembro (domingo e segunda-feira)
- Abertura dos portões: às 12h
- Fechamento dos portões e início da prova: às 13h
- Duração: 4 horas em cada dia
- Primeiro dia (14/12): 10 questões discursivas de português (interpretação de textos, gramática e literatura); redação: escolha entre proposta dissertativa-argumentativa ou outro gênero textual, ambas a partir de uma coletânea única
- Segundo dia (15/12): 12 questões discursivas de duas a quatro disciplinas específicas da carreira escolhida
- Provas de competências específicas:
- Música: 9 a 12 de dezembro
- Artes visuais: 11 de dezembro
- Artes cênicas: 5 a 9 de janeiro de 2026 - Primeira chamada: 23 de janeiro de 2026
- Mais informações: site da Fuvest


