À CNN, Bruno Engler defende patrulhamento ostensivo da Guarda Municipal e atuação conjunta com a polícia
O candidato do PL à Prefeitura de Belo Horizonte falou sobre o papel das forças de segurança, incentivos a empresas de tecnologia e uso de inteligência artificial nos transportes
O deputado estadual e candidato do PL a prefeito de Belo Horizonte, Bruno Engler, defendeu que a Guarda Civil Municipal realize patrulhamentos ostensivos e atue em conjunto com as forças de segurança, como a polícia militar, no município.
A declaração foi feita nesta sexta-feira (6) em entrevista à CNN, conduzida pela jornalista Muriel Porfiro ao lado dos analistas de política Pedro Duran e Victor Irajá.
Segundo o candidato, a corporação deve fazer “um policiamento ostensivo em áreas onde as forças do Estado não estão conseguindo chegar”.
Bruno Engler disse que, caso seja eleito, também vai aumentar o efetivo de agentes.
“Hoje, a gente tem um déficit de pessoal, de efetivo, na polícia militar, a gente tem pelo menos 35% menos policiais do que a gente deveria ter para fazer o patrulhamento ideal. E o cidadão não pode ficar sem segurança pública. Então cabe, sim, à guarda trabalhar de maneira conjunta com as forças do Estado”, afirmou.
Como exemplos de unidades que vão passar por ampliação, o candidato citou a Patrulha Maria da Penha, a Patrulha Escolar e a Patrulha SUS [Sistema Único de Saúde].
Câmeras corporais
O candidato do PL descartou o uso de câmeras corporais como item obrigatório durante operações policiais na capital mineira porque, segundo ele, “a gente não pode partir do princípio de desconfiança para com o agente de segurança pública”.
Bruno Engler afirmou que “só é cabível se ela for num sistema de liga e desliga, em que o agente de segurança pública tem total autonomia para retirar a câmera, até porque muito do serviço policial passa por você ouvir informantes, você ouvir testemunhas”, argumentou.
“Na hora que ele entender que a câmera é importante até mesmo para você embasar melhor um flagrante, você conseguir uma condenação do criminoso lá na frente, ele tem a oportunidade de ligá-la. Mas de uso obrigatório, essa desconfiança para com agente de segurança pública não vai ter no nosso governo”, afirmou.
População de rua e dependência química
Durante a entrevista, Bruno Engler disse irá fazer um mapeamento amplo dos moradores em situação de rua em Belo Horizonte caso seja escolhido prefeito.
De acordo com o representante do PL, “muitas das pessoas que estão em situação de rua sofrem de dependência química, e essas pessoas precisam de um tratamento para se livrar do vício e até para poder sair dessa situação”.
O candidato lamentou não haver a possibilidade de internação compulsória no país porque, de acordo com ele, os dependentes químicos perdem o “discernimento”.
“A gente tem que ampliar essa estrutura [de assistência] e incentivar o máximo que essas pessoas procurem ajuda, procurem internação”, completou.
Ele afirmou não ver problema devolução dos cidadãos a seus locais de origem desde que seja de “maneira voluntária”.
“Eu entendo que, de maneira voluntária, se a pessoa tiver interesse de voltar para a sua cidade, a prefeitura pode, sim, auxiliá-la”, disse.
Atração de empresas de tecnologia
O candidato falou também sobre sua proposta de conceder incentivos fiscais para que empresas de tecnologia prosperem na capital mineira.
“Muitas startups [empresas recém-criadas e/ou em fase de desenvolvimento] nascem aqui e depois vão para outros centros onde elas têm uma condição melhor”, segundo ele.
Bruno Engler afirmou que o setor é “perfeito” por ocupar pouco espaço e gerar muita riqueza.
“O setor da tecnologia é um setor que ele é perfeito para a gente receber em Belo Horizonte porque ele não demanda tanto espaço assim. A gente consegue acolher na nossa cidade que já é uma cidade bastante adensada populacionalmente, você não tem tantos terrenos livres assim para grandes empreendimentos. E que gera muita receita, gera muita riqueza”, destacou.
Revisão de contratos
Sobre os contratos da prefeitura atualmente vigentes, ele disse que a intenção é auditar todos os acordos.
Bruno Engler disse que vai “fazer um raio-x de todos os contratos da prefeitura. A gente quer auditar esses contratos para entender aonde está indo o dinheiro do belo-horizontino”.
Segundo o candidato do PL, a proposta dele é de incremento à arrecadação de Belo Horizonte por outros meios que não o aumento de impostos.
“A gente quer fomentar o setor da construção civil com a revisão do Plano Diretor e ampliando o direito de construir aqui na nossa cidade. A gente quer fomentar a nossa atividade comercial revendo o Código de Posturas que hoje engessa a atividade dos nossos comerciantes”, afirmou.
Pesquisas e polarização
O candidato falou que enxerga as sondagens que o colocam ao lado de outros candidatos em empate técnico no segundo lugar “com muita cautela”.
Ele creditou parte dos resultados à atual polarização do cenário político.
“A gente vive uma polarização política, e eu tenho lado. Eu não sou aquele político camaleão, aquele político vaselina que fica olhando ali pesquisa qualitativa”, disse.
Segundo Bruno Engler, “eu sou realmente o candidato da direita e, da mesma maneira que isso traz apoio, traz voto, traz também a rejeição. Tem gente que é de esquerda e não gosta da nossa plataforma, não votaria na gente. Faz parte do processo político, faz parte do processo democrático”.
Apoio de Bolsonaro e alianças políticas
Bruno Engler disse que o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) à campanha é “primordial”.
Para ele, o ex-presidente “está inelegível por perseguição política. A gente tem recorrido e a gente espera que isso se resolva até 2026″.
O candidato citou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) como expoentes, mas afirmou que o líder da direita continua sendo Bolsonaro “inquestionavelmente”.
Já sobre o apoio do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), ao adversário dele na disputa, Mauro Tramonte (Republicanos), o candidato disse ver o posicionamento “com estranheza”.
“Eu recebi com estranheza o governador optar por dividir palanque com o [ex-prefeito de BH, Alexandre] Kalil. O Kalil que é uma liderança da esquerda aqui em Minas Gerais, o Kalil que foi o candidato a governador do Lula dois anos atrás inclusive contra o próprio governador Romeu Zema. Mas quem tem que explicar o porquê dessa decisão é ele”, declarou.
Apesar disso, o representante do PL afirmou que continua sendo da base de Zema “só que com as devidas ressalvas”.
Ele ainda elogiou o candidato do PRTB na disputa pela Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal.
“O Marçal está se mostrando um excelente comunicador e está conseguindo dialogar bem com o eleitorado paulistano”, afirmou.
Educação
As propostas do candidato na área da educação são de ampliar vagas em período integral e zerar a fila das creches.
Ele mencionou a construção de novas Escolas Municipais de Educação Infantil (EMEIs), além de parcerias com escolas particulares.
“A gente vai fazer um processo licitatório para que escolas particulares possam se inscrever, e a prefeitura possa estar pagando a mensalidade de crianças de famílias de baixa renda”, disse.
Segundo ele, “essa solução mais rápida para a questão da fila passa realmente pela rede parceira”.
Bruno Engler também comentou suas ideias de construir escolas cívico-militares em Belo Horizonte. Segundo eles, as instituições são “excelentes” e o assunto “não é pauta ideológica”.
“É um modelo que cria um ambiente de hierarquia, de disciplina, que propicia o aprendizado. Isso não é interferência nenhuma no processo pedagógico”, de acordo com o candidato do PL, que acredita que a iniciativa “será um sucesso”.
Transportes
O representante do PL afirmou que, se eleito, vai utilizar inteligência artificial (IA) para fiscalizar o sistema de transporte da capital mineira.
“A gente vai fiscalizar os ônibus aqui de Belo Horizonte através de ferramentas inclusive de inteligência artificial, que é uma bandeira nossa. Você consegue, através de inteligência artificial, monitorar se os ônibus estão cumprindo aquilo que foi pactuado no contrato, se estão rodando os números de ônibus conforme o combinado, se estão passando no horário”, disse.
Ele defende que as empresas que descumprirem as regras sejam alvo de multas e também “corte no subsídio” à prestação do serviço em caso de inadimplência.
Já sobre a linha 2 do metrô de Belo Horizonte, em fase de implantação, ele pontuou que cabe “ao próximo prefeito cobrar da [concessionária] Metrô BH o cumprimento do cronograma de obras, que está previsto o término das estações até 2027 e em operação até 2029”.
Entrevistas com candidatos
A CNN realiza uma série de entrevistas com os candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte.
Cada entrevista será transmitida primeiramente ao vivo no canal da CNN Brasil no YouTube, às 15h30, com exibição na TV no mesmo dia, às 23h30.
Participarão os mais bem colocados no agregador de pesquisas eleitorais Índice CNN, selecionados de acordo com o resultado mais recente, com sete dias de antecedência.
Já foram entrevistados:
- Segunda-feira (2) – Rogerio Correia (PT)
- Terça-feira (3) – Duda Salabert (PDT)
- Quarta-feira (4) – Carlos Viana (Podemos)
- Quinta-feira (5) – Fuad Noman (PSD)
- Sexta-feira (6) – Bruno Engler (PL)
Ainda serão entrevistados:
- Segunda-feira (9) – Mauro Tramonte (Republicanos)
- Terça-feira (10) – Gabriel Azevedo (MDB)