Crítica: “Halloween Ends” é etapa final de franquia que soube se reinventar no gênero
Filme marca a despedida da atriz Jamie Lee Curtis do papel de Laurie Strode, pelo menos até segunda ordem
Em retrospecto, filmes de terror não têm os melhores resultados quando são feitos em série. O retorno financeiro pode até compensar, mas a qualidade cai muito a cada sequência.
O filme “Sexta-Feira 13” talvez seja o melhor (e pior) exemplo, já que seu protagonista, Jason, foi ressucitado, sumonado e mandado ao espaço em uma série de 12 filmes.
Com o tempo, franquias se tornam uma diversão barata baseada na violência que, inclusive, resume bem o gênero slasher em alguns momentos. O tipo de filme é um subgênero do terror onde assassinos, psicopatas e serial killers são os “vilões” protagonistas, que matam aleatoriamente.
“Halloween”, de 1978, passava por essa mesma situação alguns anos atrás.
Foram diversas sequências, reboots e remakes que foram totalmente picotados na ilha de edição trazendo mais frustração do que medo. Nove diretores tiveram a história do assassino Michael Myers na mão nos últimos 40 anos e o décimo toma conta da franquia há quatro: David Gordon Green.
O que começou como uma homenagem ao filme original, se tornou a parte mais bem estruturada da série de filmes. Tendo o primeiro diretor de “Halloween”, John Carpenter, como produtor executivo, os filmes “Halloween” (2018), “Halloween Kills” (2021) e “Halloween Ends” (2022) trazem um novo confronto entre Michael Myers e Laurie Strode (Jamie Lee Curtis).
Quarenta anos depois do primeiro encontro dos dois, essa nova trilogia desconsidera algumas bizarrices de alguns filmes da franquia como o fato de Myers ser irmão de Laurie e acaba trazendo medo, traumas do passado e muito sangue.
O começo do novo filme nos dá uma pequena restrospectiva do que foram os últimos longas, Laurie Strode, reclusa, reencontra o assassino que tentou matá-la 40 anos atrás, entra em confronto com ele, que acaba sobrevivendo e, depois de alguns anos, Myers some da vista dos habitantes da pequena cidade de Haddonfield. É aí que “Halloween Ends” começa, trazendo uma Laurie mais tranquila após quatro anos sem ver seu nêmesis, morando com a sua neta, na mesma cidade.
Ela, porém, é alvo de comentários maldosos. Acusam Laurie de provocar o assassino, de caçá-lo e de não superar seus traumas, trazendo paranoia para a cidade toda. A história dela se entrelaça com a história de Cory, um jovem que acaba se envolvendo em um acidente e é taxado de assassino. Os dois conversam, Laurie até o apresenta para sua neta, mas se arrepende poucos dias depois.
A história de Cory preenche um bom tempo de filme, colocando Michael Myers como personagem secundário, o que se revela uma ótima estratégia.
Com o assassino em segundo plano, o mal intrínseco no ser humano, e que permeia toda a sociedade, se torna o verdadeiro protagonista do filme. Laurie, inclusive, escreve um livro sobre isso. Uma de suas últimas frases é “o mal não desaparece, apenas muda de forma”.
Com essa escolha de palavras, um questionamento surge: será que “a forma” (como é creditado o ator que interpreta Michael Myers desde o filme original) retornará?
Segundo o diretor do longa original, John Carpenter, talvez. Segundo uma Jamie Lee Curtis emocionada em todas as entrevistas que dá, sim.
Porém, não podemos esquecer que estamos falando de uma das franquias mais longas do cinema, então, se a oportunidade certa surgir, dificilmente estaremos a salvo daquela música assustadora que aparece antes do famoso título: “Halloween”.