
Conheça a história de Luciano Emílio, lenda brasileira da MLS
Luciano Emílio relembra tempos de ouro no DC United, quando foi eleito o melhor da Liga Americana de Futebol Profissional antes da chegada de ídolos como Beckham e Lionel Messi

A Major League Soccer (MLS) está nos holofotes por conta da chegada de Lionel Messi, considerado um dos melhores jogadores da história do futebol. Mas, muito antes do argentino, e outros ídolos desembarcarem nos Estados Unidos, um brasileiro dominava totalmente o cenário da liga.
Luciano Emílio era atacante e teve carreira de pouco destaque no Brasil. Tanto que, por aqui, só jogou no XV de Piracicaba, onde foi revelado, no Rio Branco de Americana, no União Barbarense e na Catanduvense, clube pelo qual encerrou sua carreira. Em mercados considerados de menor apelo no mundo do futebol, o centroavante construiu uma bela história.
Nos Estados Unidos, só jogou no DC United. Luciano Emílio se tornou um ídolo pela grande campanha realizada em 2007, que lhe rendeu o prêmio de melhor jogador da MLS. Naquela temporada, o atacante marcou 24 gols em 37 partidas, levando a equipe de Washington à liderança geral da liga americana. Não deu para conquistar o título, mas foi ali que a carreira do jogador mudou de vez.
“Foi um ano realmente iluminado para mim. Cheguei para disputar posição e acabei me tornando o melhor jogador da liga naquele ano. Relembro com muito carinho aquela campanha, sempre fui centroavante, marcador de gols, mas naquela temporada tudo parecia que dava certo”, disse, em entrevista à CNN.
Para vencer o prêmio, inclusive, o centroavante superou ninguém mais ninguém menos que David Beckham, astro inglês que estava iniciando sua passagem pelo Los Angeles Galaxy. Outro nome de destaque na disputa, o meia-atacante mexicano Cuauhtémoc Blanco correu por fora.

Mais importante que os gols, já que Luciano ficou mais duas temporadas no DC United e se tornou um dos cinco maiores artilheiros do clube, foi o reconhecimento da torcida. Esse carinho fez com que o agora ex-atleta escolhesse os Estados Unidos como sua casa. Hoje, Emílio comanda uma escolinha de preparação para jovens atletas e é voz ativa em sua comunidade.
“Legal para mim, de fato, é devolver todo esse apego dos torcedores que me viram, me incentivaram, realmente torceram pelo meu sucesso”, confessou.
Infância difícil no interior
Nem sempre foi fácil. Antes de brilhar nos gramados, Luciano Emílio teve que se virar para seguir o seu sonho, incluindo em dias de jogos de futebol. Não só para acompanhar as partidas, mas também para trazer o sustento em momentos complicados.
“Eu vendia salgadinho nos estádios para conseguir assistir aos jogos e me sustentar. Era a única maneira que a gente encontrava para trazer esse sustento e unir essa paixão. Foi ali que eu também descobri o meu sonho de se tornar jogador de futebol”, relembrou.
Nascido na Ilha Solteira, Luciano Emílio entendeu rapidamente que poderia mudar a vida da família, tanto que fez uma promessa à mãe de comprar uma casa. Aos 17 anos, já vestindo a camisa do Rio Branco, entre boa campanha na Copa São Paulo de Futebol Júnior, o centroavante teve a oportunidade de ir para a Itália. O Parma se interessou e tinha outros brasileiros como Amoroso e lendas do calibre de Gianluigi Buffon.
Não deu certo, mas não por conta de Luciano. Sem um passaporte europeu, o jovem não teve nem a oportunidade de mostrar a que veio. Foi aí que veio uma luz no fim do túnel, de um velho conhecido: Altafini Mazzola, campeão do mundo tanto com o Brasil quanto com a Itália. Foi dele a ideia de se transferir para Colônia, na Alemanha, onde Emílio conseguiu ter mais oportunidades.
Sozinho, com 18 anos, ele não conseguiu se adaptar de fato e iniciou uma caminhada por outros países. Além de Itália, Alemanha e Brasil, Emílio se transferiu para o futebol hondurenho, onde jogou por dois rivais: o Olimpia — homônimo ao gigante paraguaio — e o Real España. Foi no Caribe que ele atraiu a atenção do DC United.
Ele também jogou no México, com a camisa do Querétaro, clube que ficaria famoso anos mais tarde por conta da passagem de Ronaldinho Gaúcho, e pelo Neza UTN. O centroavante ainda teve uma breve passagem pelo Danúbio, do Uruguai, já no fim da carreira.
Luciano Emílio é uma daquelas histórias de superação que não estiveram nos holofotes, mas trazem esperança a milhares de jovens que sonham com os gramados. Aos 46 anos, o ex-jogador se diz completo, mas queria ter jogado mais no Brasil.
“Tive sondagens de grandes clubes como Palmeiras, Cruzeiro e Santos. Quase fui, mas acabou não se concretizando. E está tudo bem, construí a minha história e me orgulho muito dela. Me sinto um vencedor por tudo que conquistei”, finalizou.
Veja números e curiosidades da carreira de Luciano Emílio
- 173 jogos como profissional
- 54 gols
- Campeão em seis países diferentes
- Artilheiro em Honduras, nos Estados Unidos e na Alemanha


