
Leila Pereira desiste de ir ao Maracanã para duelo contra o Flamengo
Recentes tensões envolvendo a mandatária e o Luiz Eduardo Baptista, presidente do Flamengo foram determinantes para a ausência

A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, não estará presente no estádio do Maracanã, para o jogo entre Palmeiras e Flamengo, válido pela 29ª rodada da Série A do Campeonato Brasileiro.
Recentemente, ela, e o presidente o Flamengo, Luiz Eduardo Baptista, o Bap protagonizaram uma das maiores crises recentes do futebol brasileiro. O conflito, inicialmente técnico, evoluiu para embates jurídicos e trocas públicas de acusações entre Flamengo, Palmeiras e a Libra deu-se por conta de disputa nos bastidores com relação aos acordos da Libra.
Sendo assim, a mandatária não vê "clima" para a presença no jogo, que tem caráter decisivo entre o vice-líder e líder do Brasileirão - atualmente separados por três pontos na tabela.
A partida acontecerá no próximo domingo (19), às 16h, no Rio de Janeiro.
Encontro recente
Tanto Leila, quanto Bap estiveram presentes na reunião entre os quatro semifinalistas da Libertadores 2025 na última quinta-feira (15) na sede da Conmebol em Luque, Paraguai.
Posaram para fotos em lados opostos ao lado de Alejandro Dominguez, presidente da Conmebol.

Como começou o conflito
Em 2024, a Libra negociou com a Globo os direitos de transmissão do Brasileirão para o ciclo 2025–2029. O modelo aprovado previa divisão de receitas em três partes: 40% igualitário, 30% por desempenho e 30% por audiência.
A divergência atual está justamente nessa última parcela. O Flamengo afirma que o anexo que define o cálculo da audiência carece de elementos técnicos que permitam sua execução. Após tentativas de resolver o impasse internamente, o clube obteve liminar no Tribunal de Justiça do Rio que determinou o depósito em juízo de R$ 77,1 milhões — valor referente à sua fatia na primeira parcela do acordo.
A medida, no entanto, suspendeu o fluxo de pagamentos aos demais integrantes da Libra, que hoje reúne Palmeiras, Bragantino, São Paulo, Santos, Atlético-MG, Vitória, Bahia, Grêmio e o próprio Flamengo. O Vitória, vale lembrar, está em processo de saída do bloco para migrar à LFU (Liga Forte União).
O que diz cada lado
Flamengo
O clube alega que buscou diálogo antes de recorrer à Justiça e sustenta que o anexo em vigor não permite cálculo auditável da ponderação entre plataformas. Segundo o clube, a manutenção dos repasses da forma atual violaria o contrato.
Em documento divulgado no formato “Fato ou Fake”, o Flamengo listou o que considera inconsistências e defendeu a via judicial como meio legítimo de resguardar seus direitos. Em reunião pública, o presidente Luiz Eduardo Baptista, o Bap, afirmou: “Se o Flamengo jogasse sozinho, o dinheiro que sobraria para os outros seria muito pouco”, numa resposta às críticas sobre postura isolada.
Libra
A liga reagiu com nota firme, classificando a ação do Flamengo como “um ato que interrompeu o diálogo e distorce fatos”. A Libra sustenta que os critérios de cálculo constam no estatuto e foram aprovados em assembleia. Para a entidade, a medida judicial é “individualista e prejudicial ao bloco”, além de gerar “risco reputacional e instabilidade para o projeto coletivo”.
Palmeiras
A presidente Leila Pereira fez críticas contundentes à postura do Flamengo e anunciou que o clube acionará o rival na Justiça por danos decorrentes do bloqueio de repasses. Em tom irônico, ela sugeriu até a criação de uma nova liga sem o Rubro-Negro.
O que vem pela frente
A Libra já recorreu da liminar. Especialistas em direito esportivo e comercial apontam que o caso pode se estender e abrir precedente sobre governança em ligas de futebol no Brasil.
O Palmeiras mantém a promessa de processar o Flamengo por danos, e outros clubes avaliam medidas semelhantes.