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    Análise: Grupo Wagner também está na África, mas futuro no continente é incerto

    Qualquer que seja o destino final de Prigozhin, não há cenário plausível em que os países africanos, do Mali ao Sudão, não enfrentem revoltas significativas e derramamento de sangue total do pântano destruidor da Rússia

    Joyce M. Davisda CNN

    É seguro apostar que o drama que ainda se desenrola entre o líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, e o presidente russo, Vladmir Putin, não terminará bem. Mas seja como for, a África parece sofrer.

    Desde que surgiu pela primeira vez em 2014, durante a anexação da Crimeia pela Rússia, o Grupo Wagner operou em pelo menos meia dúzia de países africanos, com uma presença de cerca de 5 mil pessoas em todo o continente, incluindo forças de combate, ex-presidiários e estrangeiros.

    Muito mais do que um mero contingente de tropas mercenárias, o Wagner é uma complicada rede de negócios entrelaçada com forças de combate, com operações intrinsecamente ligadas à comunidade militar e de inteligência da Rússia. Mas, nos últimos dias, o paradeiro do homem inconstante que lidera a vasta operação era desconhecido.

    Prigozhin estava desaparecido desde pouco depois de lançar um motim no mês passado, no qual milhares de suas forças deixaram a Ucrânia no que parecia ser uma marcha para Moscou. Suas tropas giraram cerca de 200 quilômetros da capital russa. O que aconteceu com ele tornou-se uma questão de intensa especulação.

    Na quarta-feira (19), surgiu um vídeo que parecia mostrar Prigozhin cumprimentando seus combatentes em Belarus, no que seria sua primeira aparição pública desde que liderou a rebelião armada na Rússia.

    A questão permanece, no entanto, é sobre o que acontecerá com a imensa operação do Wagner na África, que forneceu serviços de segurança e assistência paramilitar e lançou campanhas de desinformação para regimes problemáticos na República Centro-Africana (RCA), Líbia, Mali e Sudão?

    Qualquer que seja o destino final de Prigozhin, não há cenário plausível em que os países africanos, do Mali ao Sudão, não enfrentem revoltas significativas e derramamento de sangue total do pântano destruidor da Rússia.

    Se Putin ordenar que Prigozihin seja despachado – o que alguns analistas preveem que poderia acontecer – isso deixaria uma grande força de combate de mercenários armados até os dentes na África, e sem um líder.

    Putin não seria capaz de simplesmente absorver esses combatentes nas fileiras das forças armadas russas. As forças do Wagner parecem desprezar os militares russos, como a marcha imprudente de Prigozhin da Ucrânia para Moscou deixou bem claro.

    Como vimos desde o início do conflito na Ucrânia, a agitação na Rússia criou caos global, não apenas na África, mas no resto do mundo.

    Senhores da guerra como Khalifa Haftar, da Líbia, o presidente da República Centro-Africana, Faustin-Archange Touadéra, e o líder interino de Burkina Faso, Ibrahim Traore, têm muitos motivos para se preocupar.

    Eles teriam ficado apavorados enquanto assistiam Prigozhin confrontar Moscou, ameaçando os generais de Putin, se não o próprio Putin. A decisão de Prigozhin de renunciar não deixou nenhum dos líderes africanos que dependem de Wagner tranquilos, e nem deveria.

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