Análise: Israel pretende neutralizar Hezbollah com explosões no Líbano
Lourival Sant'Anna avalia que a neutralização do sistema de comunicação do Hezbollah por Israel pode indicar a preparação para um avanço mais significativo
Israel realizou ataques contra membros do grupo extremista Hezbollah no Líbano nesta quarta-feira (18), sinalizando uma possível escalada no conflito que já se estende desde os ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023.
Segundo o analista de Internacional Lourival Sant’Anna, essa ofensiva demonstra a intenção de Israel em neutralizar o Hezbollah antes que o grupo possa retaliar contra seu território.
Sant’Anna explicou que o governo israelense havia anunciado na segunda-feira (16) a ampliação do escopo da guerra contra o Hezbollah, que até então era considerada de baixa intensidade.
O objetivo seria permitir o retorno de 60 a 70 mil famílias israelenses deslocadas do norte do país após os ataques iniciais.
Estratégia militar e implicações políticas
O analista destacou que, taticamente, uma ofensiva militar geralmente começa com a destruição do sistema de comunicação do inimigo.
Neste caso, a neutralização do sistema de comunicação do Hezbollah por Israel pode indicar a preparação para um avanço mais significativo, visando destruir a infraestrutura do grupo no Líbano.
Sant’Anna ressaltou que a decisão de Israel de intensificar as operações está vinculada à situação na Faixa de Gaza.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, já teria decidido não fazer acordos de cessar-fogo, enfrentando pressão política crescente em meio à proximidade das eleições nos Estados Unidos.
Possibilidade de guerra em grande escala
O ataque israelense coincidiu com a 10ª visita do secretário de Estado americano, Antony Blinken, a Israel, o que, segundo Sant’Anna, pode ser interpretado como uma demonstração de força e determinação por parte de Israel perante os Estados Unidos e o Oriente Médio.
O analista alertou que, caso as hipóteses estratégicas se confirmem, é possível que estejamos às vésperas de uma guerra em grande escala.
A eliminação do comandante do Hezbollah, Fuad Shukr, durante os ataques, aumenta a probabilidade de uma reação do grupo, potencialmente levando a um conflito mais amplo na região.