Análise: Trump ameaça taxar a China em 155% se não houver acordo

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, intensifica a pressão sobre a China ao ameaçar impor tarifas de 155% sobre produtos chineses, em mais um capítulo das tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo. "A soja cria nesse momento condições para essa nova rodada de tarifas", afirmou Fernanda Magnotta, em análise no CNN 360°, ao descrever a estratégia utilizada por Trump.

A estratégia de Trump segue um padrão conhecido como "art of the deal", método de negociação que ele próprio descreveu em seu livro dos anos 80, explicou Magnotta. A abordagem consiste em criar uma instabilidade controlada para aumentar seu poder de barganha nas negociações comerciais.

Múltiplas frentes de tensão

A disputa atual envolve uma combinação de elementos comerciais, cambiais e tecnológicos. O superávit comercial chinês com os Estados Unidos, questões relacionadas à manipulação do câmbio e disputas sobre produção de tecnologia e inovação são os principais pontos de atrito entre as duas nações.

A coerção econômica empregada por Trump reflete características de sua política externa: unilateralismo, performance midiática e foco na audiência doméstica. Esta abordagem se insere no contexto de tentativa de reindustrialização dos Estados Unidos, onde a China é frequentemente retratada como responsável pela perda de empregos americanos. "O presidente Trump precisa dar respostas a uma sociedade que está bastante descontente, inclusive com a economia", afirma Magnotta.

As tensões comerciais ocorrem em um momento de descontentamento interno nos Estados Unidos, com uma paralisação orçamentária que já dura duas semanas, causando significativo impacto nacional. Alguns analistas sugerem que o foco nas questões externas pode ser uma tentativa de desviar a atenção dos problemas domésticos.