Após 2 anos de guerra, palestinos preferem "morrer em nossa terra" a fugir

Moradores da Faixa de Gaza denunciam condições degradantes e "vida miserável" em meio ao conflito

Mahmoud Atef, Abeer Salman, Eyad Kourdi e Sana Noor Haq, da CNN
Palestinos vasculham escombros após ataque israelense atingir Khan Younis  • Reprodução/Reuters
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Um menino e uma menina palestinos sobem em uma mulher. O trio está cercado por montes de escombros, barracas mal montadas e prédios destruídos.

"Nossa vida é miserável. Quase não há água. Os bombardeios e os ataques não param", disse a mulher, que está deslocada na Cidade de Gaza, no norte da Faixa de Gaza.

"Preferimos morrer em nossa terra. O povo está acabado", afirmou a palestina à CNN.

Após mais de dois anos de fome severa, doenças e bombardeios israelenses estrondosos em Gaza, vários palestinos pontuaram à CNN que estão desesperados por um pouco de alívio.

Após a retomada das negociações de cessar-fogo no Egito na segunda-feira (6), alguns dizem que permanecem firmes na preservação de suas terras – coroando suas esperanças no fim permanente das hostilidades.

Ali perto, Zuhair Dawla está em um longo trecho de estrada de terra batida. O morador comentou à CNN que se recusou a deixar a maior cidade de Gaza.

“Continuamos pacientes diante deste massacre. Eu queria compartilhar o sofrimento dos deslocados e documentar seu cotidiano de perto, para que o mundo possa ver", destacou.

Outro palestino, Ibrahim Sadaq al Deeb, alertou que ninguém ficou imune à pobreza, à fome ou ao deslocamento.

“Isto não é uma guerra, isto é genocídio. Temos crianças morrendo de fome e ninguém se importa com elas", disse

Ao menos 20.179 crianças foram mortas em Gaza desde 7 de outubro de 2023, informou o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, nesta terça-feira.

Em média, 28 crianças são mortas por dia em Gaza, acrescentou a pasta.

Entenda a guerra na Faixa de Gaza

A guerra na Faixa de Gaza começou em 7 outubro de 2023, depois que o Hamas lançou um ataque terrorista contra Israel. Combatentes do grupo radical palestino mataram 1.200 pessoas e sequestraram 251 reféns naquele dia.

Então, tropas israelenses deram início a uma grande ofensiva com bombardeios e por terra para tentar recuperar os reféns e acabar com o comando do Hamas.

Os combates resultaram na devastação do território palestino e no deslocamento de cerca de 1,9 milhão de pessoas, o equivalente a mais de 80% da população total da Faixa de Gaza, segundo a UNRWA (Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos).

Desde o início da guerra, pelo menos 67 mil palestinos foram mortos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.

O ministério, controlado pelo Hamas, não distingue entre civis e combatentes do grupo na contagem, mas afirma que mais da metade dos mortos são mulheres e crianças. Israel diz que pelo menos 20 mil são combatentes do grupo radical.

Parte dos reféns foi recuperada por meio de dois acordos de cessar-fogo, enquanto uma minoria foi recuperada por meio das ações militares.

Autoridades acreditam que cerca de 50 reféns ainda estejam em Gaza, sendo que cerca de 20 deles estariam vivos.

Enquanto a guerra avança, a situação humanitária se agrava a cada dia no território palestino. Com a fome generalizada pela falta da entrada de assistência na Faixa de Gaza, os relatos de pessoas morrendo por inanição são diários.

Israel afirma que a guerra pode parar assim que o Hamas se render, e o grupo radical demanda melhora na situação em Gaza para que o diálogo seja retomado.