Ataque da Ucrânia corta fluxo de petróleo russo para Hungria e Eslováquia

Nova ofensiva marca a segunda vez em uma semana que fornecimento para países é interrompido

Pavel Polityuk, Anita Komuves e Vera Dvorakova, da Reuters
Compartilhar matéria

O fornecimento de petróleo russo para a Hungria e a Eslováquia pode ser suspenso por pelo menos cinco dias após o mais recente ataque ucraniano a uma instalação na Rússia, informaram os governos húngaro e eslovaco nesta sexta-feira (22), ampliando as consequências da guerra na Ucrânia.

A Rússia e a Ucrânia intensificaram os ataques à infraestrutura energética uma da outra nas últimas semanas, apesar da pressão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para chegar a um acordo para encerrar o conflito, que já está em seu quarto ano.

A UE (União Europeia) reduziu o fornecimento de energia da Rússia após a invasão em larga escala da Ucrânia em 2022 e busca eliminar gradualmente o petróleo e o gás russos até o final de 2027.

Eslováquia e Hungria, membros da UE, opõem-se à eliminação gradual, alegando que suas economias dependem do fornecimento russo.

Os dois países também se opõem às sanções contra a Rússia, que a Ucrânia considera vitais para impulsionar Moscou em direção a uma paz viável.

Os governos húngaro e eslovaco escreveram à Comissão Executiva Europeia nesta sexta-feira, afirmando que o último ataque ucraniano poderia deixá-los sem importações de petróleo russo por pelo menos cinco dias, instando-a a garantir a segurança do fornecimento.

“A realidade física e geográfica é que, sem este oleoduto, o fornecimento seguro de nossos países simplesmente não é possível”, afirmaram os ministros das Relações Exteriores, Peter Szijjarto e Juraj Blanar, em carta.

O ataque ucraniano na noite de quinta-feira (21) marcou a segunda vez nesta semana que o fornecimento de petróleo russo para a Hungria e a Eslováquia foi cortado, após uma interrupção na segunda (18) e terça-feira (19).

O exército ucraniano informou na noite de quinta-feira que havia atingido novamente a estação de bombeamento de petróleo de Unecha, uma parte crítica do oleoduto russo Druzhba com destino à Europa, informou o comandante das forças de sistemas não tripulados da Ucrânia na noite de quinta-feira.

Uma fonte da indústria russa também afirmou que o fornecimento poderia ser interrompido por alguns dias. O Ministério da Energia russo não respondeu a um pedido de comentário.

Moscou tem repetidamente atacado a infraestrutura de gás da Ucrânia, prejudicando os preparativos para o aquecimento de inverno da população e o combustível para indústrias-chave, em ataques que, segundo a Ucrânia, visam degradar suas forças armadas.

A Ucrânia danificou diversas refinarias russas, com o objetivo de interromper as exportações de energia russas que financiam a invasão russa e criar escassez de combustível em diversas regiões russas.

Entenda a guerra na Ucrânia

A Rússia iniciou a invasão em larga escala da Ucrânia em fevereiro de 2022 e detém atualmente cerca de um quinto do território do país vizinho.

Ainda em 2022, o presidente russo, Vladimir Putin, decretou a anexação de quatro regiões ucranianas: Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia.

Os russos avançam lentamente pelo leste e Moscou não dá sinais de abandonar seus principais objetivos de guerra. Enquanto isso, Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, pressiona por um acordo de paz.

A Ucrânia tem realizado ataques cada vez mais ousados dentro da Rússia e diz que as operações visam destruir infraestrutura essencial do Exército russo.

O governo de Putin, por sua vez, intensificou os ataques aéreos, incluindo ofensivas com drones.

Os dois lados negam ter como alvo civis, mas milhares morreram no conflito, a grande maioria deles ucranianos.

Acredita-se também que milhares de soldados morreram na linha de frente, mas nenhum dos lados divulga números de baixas militares.

Os Estados Unidos afirmam que 1,2 milhão de pessoas ficaram feridas ou mortas na guerra.