Avião evita colisão perto da Venezuela com aeronave da Força Aérea dos EUA

Pilotos tiveram que parar de subir após decolar de Curaçao; Militares americanos afirmaram que estão cientes e avaliando o caso

Tiago Tortella, da CNN Brasil, em São Paulo
Avião da JetBlue  • Ronen Tivony/NurPhoto via Getty Images
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Um avião da companhia aérea JetBlue teve que agir para evitar uma colisão com uma aeronave da Força Aérea dos Estados Unidos perto da Venezuela.

Isso ocorre em meio à grande mobilização militar americana no Caribe, que conta com sobrevoos e ataques aéreos contra embarcações que supostamente estariam transportando drogas.

O caso aconteceu na última sexta-feira (12), envolvendo um avião civil que ia de Curaçao para Nova York. O piloto da JetBlue afirmou que a aeronave militar estava com o transponder desligado -- equipamento essencial para monitoramento --, segundo gravação de uma conversa com o controle de tráfego aéreo no site especializado LiveATC.

"Acabamos de ter uma aeronave passando bem na nossa frente, a menos de oito quilômetros de nós, talvez três ou quatro quilômetros, mas era um avião-tanque de reabastecimento da Força Aérea dos Estados Unidos, e ele estava na nossa altitude. Tivemos que interromper a subida", comentou o piloto.

"Eles cruzaram diretamente nossa rota de voo. Tivemos que parar de subir. (...) O transponder deles está desligado. É um absurdo", adicionou.

Segundo o piloto da JetBlue, a aeronave da Força Aérea dos EUA estava indo em direção ao espaço aéreo da Venezuela.

Questionada pela CNN Brasil, a JetBlue confirmou o incidente e afirmou que os tripulantes da companhia são treinados nos "procedimentos adequados" para diversas situações de voo e que a segurança é a prioridade máxima.

"Agradecemos a eles por relatarem prontamente essa situação à nossa equipe de liderança. Reportamos este incidente às autoridades federais e participaremos de qualquer investigação", adicionou a empresa.

A CNN Brasil também entrou em contato com o Pentágono, que redirecionou para o Comando Sul dos EUA, que é responsável pelas operações militares na América Latina.

Em resposta, o Comando Sul afirmou que está ciente dos relatos e pontuou que está analisando o assunto e trabalhando nos "canais apropriados". Ressaltaram ainda que a segurança é a prioridade.

"As tripulações aéreas militares são profissionais altamente treinados que operam de acordo com os procedimentos estabelecidos e os requisitos aplicáveis ​​do espaço aéreo", asseguraram.

A reportagem também entrou em contato com a Força Aérea americana e aguarda retorno.

Mobilização militar dos EUA no Caribe

Nos últimos meses, os Estados Unidos enviaram milhares de soldados, aeronaves e até o maior porta-aviões do mundo para o Caribe.

Os militares fizeram diversos ataques contra embarcações na região e no Oceano Pacífico que supostamente estariam transportando drogas. Porém, foram levantadas dúvidas sobre a legalidade dessa ofensiva.

O governo de Donald Trump tem acusado o regime de Nicolás Maduro de estar envolvido com o narcotráfico, algo que o venezuelano nega. O presidente americano não descartou fazer ataques diretamente contra o país sul-americano.

No final de novembro, Trump afirmou que as companhias aéreas deveriam considerar o espaço aéreo venezuelano fechado. O caso gerou críticas dos países da região, incluindo a Colômbia.

De toda forma, diversas empresas suspenderam as operações na Venezuela citando risco à segurança.