Biden descarta atalho para adesão da Ucrânia à Otan e contraria aliados
Presidente dos EUA se colocou em posição oposta à de alguns países europeus, que defendem uma burocracia menor e mais facilitada para que o governo de Kiev possa integrar aliança militar
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, jogou uma ducha de água fria sobre as pretensões da Ucrânia de adesão à Otan de forma mais rápida, por meio de atalhos e fugindo do rito comum necessário à aprovação de uma nação à aliança militar. Questionado se ele diminuiria as barreiras, ele disse categoricamente “não”.
“Não. Porque eles precisam atender aos mesmos padrões. Portanto, não vou facilitar”, disse ele a repórteres neste sábado (17), antes de sua partida para a Filadélfia para seu primeiro evento oficial de campanha presidencial.
“Acho que eles fizeram tudo relacionado a demonstrar a capacidade de coordenar militarmente, mas há toda uma questão de saber se o sistema deles é seguro? Não é corrupto? Ele atende a todos os padrões que todos, todas as outras nações da Otan cumprem? Acho que vai. Eu acho que pode. Mas não é automático”, disse.
O discurso se coloca em oposição ao de alguns países da Europa. Na sexta-feira (16) o ministro de Defesa da Alemanha, Boris Pistorius também afirmou que os aliados da Otan podem estar prontos para remover alguns obstáculos no caminho da Ucrânia para a aliança militar. “Há sinais crescentes de que todos serão capazes de concordar com isso”.
Os membros da Otan estão correndo para concluir um plano para fornecer apoio de longo prazo à Ucrânia, mas discutem sobre como melhor garantir a segurança do país até que ele possa ingressar na aliança militar, segundo autoridades dos
Anteriormente, a CNN informou que Biden e sua equipe estão em meio a uma conversa de alto risco com outros membros da Otan sobre como e quando a Ucrânia pode ingressar – um debate que pode expor as tensões na aliança antes de uma cúpula importante no próximo mês em Vilnius, Lituânia.
A CNN informou na sexta-feira que uma fonte familiarizada com a situação disse que Biden está confortável em remover um dos obstáculos para a Ucrânia ingressar na Otan. Segundo a fonte, Biden estaria disposto a abandonar o Plano de Ação de Adesão (MAP) para a Ucrânia, que foi descrito em um acordo de 2008 como “o próximo passo para a Ucrânia … em seu caminho direto para a adesão”.
O MAP, caracterizado como “o programa de aconselhamento, assistência e apoio prático adaptado às necessidades individuais dos países que desejam aderir à Aliança”, é um processo que outras nações tiveram de empreender para aderir à Otan.
Sua remoção representaria um pequeno passo para facilitar a entrada da Ucrânia na aliança defensiva. Faz parte de uma proposta do secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, e foi discutida quando ele se reuniu com Biden em Washington no início desta semana, disse a fonte.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse entender que seu país não pode se tornar membro da Otan enquanto ainda estiver em guerra.
Sobre as alegações de armas nucleares de Putin: Biden também disse que a alegação do presidente russo, Vladimir Putin, sobre a chegada das primeiras armas nucleares táticas a serem armazenadas em Belarus é “totalmente irresponsável”.
Na sexta-feira, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse que o governo Biden está monitorando de perto a situação entre a Rússia e a Belarus, mas os EUA “não têm motivos para ajustar” sua postura nuclear e não “veem nenhuma indicação” de que a Rússia esteja se preparando para usar uma arma atômica.
(Publicado por Fábio Mendes, com informações da Reuters e de Jasmine Wright da CNN)