Bolívia: o que explica a saída da esquerda do poder após 20 anos?
Luciana Taddeo, correspondente da CNN, analisa a ruptura entre Evo Morales e Luis Arce
A Bolívia enfrenta um momento histórico com a ausência de candidatos da esquerda nas próximas eleições, marcando o fim de duas décadas de domínio do Movimiento al Socialismo (MAS). A crise política atual reflete principalmente o colapso interno do partido e as disputas de poder entre suas principais lideranças.
O ponto central da crise está na ruptura entre Evo Morales e Luis Arce, que teve origem na ambição de Morales em retornar ao poder, mesmo após ter sido impedido pela justiça.
A situação se agravou quando Morales não apenas rejeitou apoiar a candidatura de Arce, como também foi acusado de boicotar seu governo.
Impacto na economia
No início de 2024, a Bolívia entrou em sua primeira recessão em décadas.
Segundo o Instituto Nacional de Estatísticas, os bloqueios de estradas realizados por seguidores de Morales contribuíram significativamente para esta situação, afetando a circulação de mercadorias e impactando as exportações, inclusive para o Brasil.
No caso específico da Bolívia, Morales ignorou o resultado de um plebiscito que negava sua possibilidade de um novo mandato, chegando ao ponto em que o Tribunal Supremo declarou a candidatura presidencial como um "direito humano".
A fragmentação do MAS se aprofundou quando Arce apresentou seu próprio candidato, Eduardo del Castillo, enquanto Morales não conseguiu consolidar apoio nem mesmo para Andrônico Rodrigues, que era considerado seu aliado.
Esta divisão interna culminou no atual cenário de ausência de representação da esquerda na disputa eleitoral.