Bombardeio de Israel expulsa palestinos de casa na Cidade de Gaza
Milhares de moradores ainda se recusam a sair, permanecendo no caminho das forças israelenses

Um bombardeio israelense forçou mais palestinos a deixarem suas casas na Cidade de Gaza nesta quinta-feira (4).
O ataque aconteceu enquanto milhares de moradores desafiaram as ordens israelenses de saída, permanecendo nas ruínas, no caminho do mais recente avanço israelense.
Autoridades de saúde de Gaza afirmaram que os disparos israelenses através do território mataram pelo menos 28 pessoas nesta quinta, a maioria delas na Cidade de Gaza, onde as forças israelenses avançaram pelos subúrbios e agora estão a poucos quilômetros do centro da cidade.
Israel lançou a ofensiva na Cidade de Gaza em 10 de agosto, no que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu diz ser um plano para derrotar os combatentes do Hamas de uma vez por todas na parte de Gaza, lugar onde as tropas israelenses lutaram mais intensamente na fase inicial da guerra.
A campanha gerou críticas internacionais devido à grave crise humanitária na área e provocou manifestações incomuns de preocupação dentro de Israel, incluindo relatos de tensão estratégica entre alguns comandantes militares e líderes políticos.
"Desta vez, não vou sair de casa. Quero morrer aqui. Não importa se nos mudamos ou ficamos. Dezenas de milhares daqueles que deixaram as casas também foram mortos por Israel, então por que se preocupar?", comentou Um Nader, mãe de cinco filhos da Cidade de Gaza, à Reuters por mensagem de texto.
Moradores disseram que Israel bombardeou os distritos de Zeitoun, Sabra e Shejaia, na Cidade de Gaza, por terra e ar.
Tanques avançaram para a parte leste do distrito de Sheikh Radwan, a noroeste do centro da cidade, destruindo casas e causando incêndios em acampamentos de tendas.
Não houve comentários israelenses imediatos sobre esses relatos.
O exército israelense afirmou estar operando nos arredores da cidade para desmantelar túneis de militantes e localizar armas.
Grande parte da Cidade de Gaza foi devastada nas primeiras semanas da guerra, entre outubro e novembro de 2023.
Cerca de um milhão de pessoas viviam lá antes da guerra, e acredita-se que centenas de milhares tenham retornado para viver entre as ruínas, especialmente desde que Israel ordenou que as pessoas saíssem de outras áreas e lançou ofensivas em outros lugares.
Israel, que agora ordenou que os civis deixassem a Cidade de Gaza novamente para sua segurança, afirma que 70 mil seguiram rumo ao sul. Autoridades palestinas afirmam que menos da metade desse número partiu e milhares continuam no caminho do avanço israelense.
O deslocamento pode colocar ainda mais em risco os mais vulneráveis, incluindo muitas crianças que sofrem de desnutrição, afirmou Amjad al-Shawa, chefe da Rede de ONGs Palestinas, um grupo que reúne ONGs palestinas que se coordena com a ONU e agências humanitárias internacionais.
"Este será o deslocamento mais perigoso desde o início da guerra", declarou Shawa. "A recusa das pessoas em partir, apesar dos bombardeios e das mortes, é um sinal de que perderam a fé."
Autoridades palestinas e da ONU afirmam que não há lugar seguro em Gaza, incluindo áreas designadas por Israel como zonas humanitárias.
Guerra causou crise humanitária em todo o território
Autoridades da saúde em Gaza afirmam que 370 pessoas, incluindo 131 crianças, morreram até agora de desnutrição e fome causadas pela grave escassez de alimentos, a maioria nas últimas semanas.
Israel diz estar tomando medidas para melhorar as condições humanitárias em Gaza, incluindo o aumento da ajuda ao território.
A guerra começou em 7 de outubro de 2023, quando homens armados liderados pelo Hamas atacaram o sul de Israel, matando cerca de 1.200 pessoas, a maioria civis, e levando 251 reféns para Gaza.
A ofensiva israelense já matou mais de 63 mil palestinos, a maioria civis, segundo autoridades de saúde locais, e deixou grande parte do território em ruínas.
As perspectivas de um cessar-fogo e de um acordo para a libertação dos 48 reféns restantes, dos quais se acredita que 20 ainda estejam vivos, parecem sombrias.
Os protestos em Israel, pedindo o fim da guerra e um acordo para a libertação dos reféns, intensificaram-se nas últimas semanas.