Ao menos 12 brasileiros foram detidos por Israel em flotilha interceptada
Delegação composta de 15 pessoas buscava levar ajuda humanitária à Faixa de Gaza; mais de 500 participantes de diferentes nacionalidades integraram ação

Ao menos 12 brasileiros que estavam nas embarcações da Flotilha Global Sumud, que foram interceptadas por Israel, foram detidos na quarta-feira (1º). Os barcos levavam ajuda humanitária para a Faixa de Gaza, informou a organização.
O ativista brasileiro Thiago Ávila e a deputada federal Luizianne Lins (PT-CE), estão entre os detidos pelo governo israelense.
Na lista dos brasileiros detidos estão:
- Thiago Ávila, no barco Alma
- Luizianne Lins, no barco Grand Blue
- Bruno Gilga, no barco Sirius
- Lisiane Proença, no barco Sirius
- Magno Costa, no barco Sirius
- Mariana Conti, no barco Sirius
- Nicolas Calabrese, no barco Sirius
- Ariadne Telles, no barco Adara
- Mansur Peixoto, no barco Adara
- Gabriele Tolotti, no barco The Spectre
- Mohamad El Kadri, no barco The Spectre
- Lucas Gusmão, no barco Yulara
Segundo a organização, o brasileiro João Aguiar estava a bordo de um veleiro atacado por Israel. Após ação, o acesso às câmeras foi perdido. Embora o rastreador indique que o barco tenha alcançado as águas territoriais de Gaza, não houve mais sinais de navegação e, até o momento, não se sabe o paradeiro dele.
A flotilha afirma ainda que o sinal de Miguel de Castro também foi perdido e acredita-se que ele também tenha sido detido, mas não há confirmação.
A delegação brasileira é formada por 15 pessoas no total. Além de Castro e Aguiar, o brasileiro Hassan Massoud estava em um dos barcos que não foi abortado por Israel por não ter entrado na chamada "zona de risco".
Mais de 500 participantes de dezenas de países estavam nas embarcações, com o objetivo de entregar alimentos, água e remédios aos civis em Gaza.
O Ministério das Relações Exteriores de Israel confirmou na quarta-feira (1º) que diversos barcos foram “parados com segurança” e os passageiros seriam “transferidos para um porto israelense”.
“Greta e seus amigos estão seguros e saudáveis”, escreveu a pasta em uma publicação na rede social X, referindo-se à ativista sueca Greta Thunberg, que pode ser vista sentada no chão cercada por militares em um vídeo que acompanha a postagem na mídia social.
O comboio partiu de Barcelona, na Espanha, em 31 de agosto e foi reforçado por outros navios ativistas à medida que se aproximava de Gaza.
Ativistas estrangeiros tentaram entregar ajuda humanitária a Gaza no passado, mas foram interceptados por forças israelenses ou sofreram algum tipo de ataque.
Outro navio de ajuda humanitária com destino a Gaza, transportando Thiago, Greta e outros ativistas da Coalizão Flotilha da Liberdade, foi interceptado por Israel em junho e os passageiros foram deportados.
Entenda a guerra na Faixa de Gaza
A guerra na Faixa de Gaza começou em 7 outubro de 2023, depois que o Hamas lançou um ataque terrorista contra Israel. Combatentes do grupo radical palestino mataram 1.200 pessoas e sequestraram 251 reféns naquele dia.
Então, tropas israelenses deram início a uma grande ofensiva com bombardeios e por terra para tentar recuperar os reféns e acabar com o comando do Hamas.
Os combates resultaram na devastação do território palestino e no deslocamento de cerca de 1,9 milhão de pessoas, o equivalente a mais de 80% da população total da Faixa de Gaza, segundo a UNRWA (Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos).
Desde o início da guerra, pelo menos 65 mil palestinos foram mortos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.
O ministério, controlado pelo Hamas, não distingue entre civis e combatentes do grupo na contagem, mas afirma que mais da metade dos mortos são mulheres e crianças. Israel diz que pelo menos 20 mil são combatentes do grupo radical.
Parte dos reféns foi recuperada por meio de dois acordos de cessar-fogo, enquanto uma minoria foi recuperada por meio das ações militares.
Autoridades acreditam que cerca de 50 reféns ainda estejam em Gaza, sendo que cerca de 20 deles estariam vivos.
Enquanto a guerra avança, a situação humanitária se agrava a cada dia no território palestino. Com a fome generalizada pela falta da entrada de assistência na Faixa de Gaza, os relatos de pessoas morrendo por inanição são diários.
Israel afirma que a guerra pode parar assim que o Hamas se render, e o grupo radical demanda melhora na situação em Gaza para que o diálogo seja retomado.


