Chanceler brasileiro conversa com secretário dos EUA sobre guerra na Ucrânia

Ideia é criar um plano para ajudar os brasileiros que estão no país; segundo Itamaraty, cerca de 500 brasileiros estão na Ucrânia

Pedro Teixeira e Rafaela Lara, da CNN*, em Brasília e em São Paulo
Compartilhar matéria

O ministro das Relações Exteriores, Carlos França, recebeu nesta sexta-feira (25) um telefonema do secretário de Estados dos EUA, Antony Blinken.

Segundo o Itamaraty, eles debaterem a grave crise de segurança na Ucrânia e o tratamento do tema no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

Conforme antecipado pelo analista de política da CNN Gustavo Uribe, a conversa entre França e Blinken também tratou sobre a situação dos brasileiros que estão na Ucrânia.

Nesta quinta, o secretário de Comunicação e Cultura do Itamaraty, Leonardo Gorgulho, fez um pronunciamento com orientações aos brasileiros que estão na Ucrânia neste momento.

No entanto, segundo ele, “a Embaixada do Brasil – ou de qualquer outro país – não tem condições de fazer operação de resgate”.

O secretário também destacou que as embaixadas estão em regime de plantão em outros países para atender os cidadãos brasileiros que necessitem de assistência.

As orientações do Itamaraty incluem ainda o deslocamento de cerca de 500 brasileiros que moram na Ucrânia para outras regiões e países vizinhos, incluindo a Moldova ou a Polônia.

Nesta sexta, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil informou que acompanha com “grave preocupação” os ataques da Rússia à Ucrânia.

“O Brasil apela à suspensão imediata das hostilidades e ao início de negociações conducentes a uma solução diplomática para a questão, com base nos Acordos de Minsk e que leve em conta os legítimos interesses de segurança de todas as partes envolvidas e a proteção da população civil”, disse a nota do órgão federal.

Segundo o comunicado, o Brasil, como membro do Conselho de Segurança da Organização da Nações Unidas (ONU), acompanha as discussões em todas as partes em busca de uma solução pacífica para o conflito “em linha com a tradição diplomática brasileira e na defesa de soluções orientadas pela Carta das Nações Unidas e pelo direito internacional”.

Entenda o conflito

Após meses de escalada militar e intemperança na fronteira com a Ucrânia, a Rússia atacou o país do Leste Europeu. No amanhecer desta quinta-feira (24), as forças russas começaram a bombardear diversas regiões do país - acompanhe a repercussão ao vivo na CNN.

Horas mais cedo, o presidente russo, Vladimir Putin, autorizou uma "operação militar especial" na região de Donbas (ao Leste da Ucrânia, onde estão as regiões separatistas de Luhansk e Donetsk, as quais ele reconheceu independência).O que se viu nas horas a seguir, porém, foi um ataque a quase todo o território ucraniano, com explosões em várias cidades, incluindo a capital Kiev.

De acordo com autoridades ucranianas, dezenas de mortes foram confirmadas nos exércitos dos dois países.Em seu pronunciamento antes do ataque, Putin justificou a ação ao afirmar que a Rússia não poderia “tolerar ameaças da Ucrânia”. Putin recomendou aos soldados ucranianos que “larguem suas armas e voltem para casa”. O líder russo afirmou ainda que não aceitará nenhum tipo de interferência estrangeira.

Esse ataque ao ex-vizinho soviético ameaça desestabilizar a Europa e envolver os Estados Unidos.

A Rússia vem reforçando seu controle militar em torno da Ucrânia desde o ano passado, acumulando dezenas de milhares de tropas, equipamentos e artilharia nas portas do país.

Nas últimas semanas, os esforços diplomáticos para acalmar as tensões não tiveram êxito.

A escalada no conflito de anos entre a Rússia e a Ucrânia desencadeou a maior crise de segurança no continente desde a Guerra Fria, levantando o espectro de um confronto perigoso entre as potências ocidentais e Moscou.

(Com informações de Anna Gabriela Costa, da CNN, em São Paulo, de Sarah Marsh e Madeline Chambers, da Reuters, e de Eliza Mackintosh, da CNN)