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    Conflito em Israel se retroalimenta no radicalismo, diz professora

    Em entrevista ao podcast CNN Pelo Mundo, a professora de Relações Internacionais Karina Calandrin diz vislumbrar quadro de caos cada vez maior

    Camila Olivoda CNN

    A ascensão do radicalismo é um dos fatores que ajudam a entender o atual conflito entre Israel e Hamas, na opinião da professora de Relações Internacionais Karina Calandrin.

    “Esse é um conflito que se retroalimenta no radicalismo. A extrema-direita só subiu ao poder em Israel por conta do Hamas e o Hamas se fortalece a partir das políticas de extrema-direita de [Benjamin] Netanyahu”. A especialista, que é assessora do Instituto Brasil-Israel, acredita em um quadro de caos cada vez maior.

    Ao tomar posse em dezembro de 2022, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, levou ao poder a coalizão mais à extrema-direita dos 75 anos de história do país. ‘Bibi’, como é conhecido, passou a ser o primeiro-ministro mais longevo no cargo. Ele ocupou a posição anteriormente de 1996 a 1999 e de 2009 a 2021.

    Governo contestado

    Apesar de vitorioso nas urnas, em poucos meses o terceiro mandato de Netanyahu passou a ser contestado por medidas consideradas radicais. A discussão de uma reforma que enfraquece o Judiciário provocou semanas de manifestações populares sem precedentes em todo o país.

    Em protesto, mais de mil reservistas da Força Aérea de Israel ameaçaram parar de se voluntariar para o serviço. O projeto de lei retira da Suprema Corte o poder de anular decisões tomadas pelo governo que considere “irracionais”.

    Em entrevista ao podcast CNN Pelo Mundo, em julho, a professora do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), Monique Sochaczewski, afirmou que a identidade de Israel vinha sendo “esfacelada”.

    “É um momento marcante porque Benjamin Netanyahu conhece a política interna israelense e está rifando aspectos tidos como bons do país em função de um projeto político bem questionável”, destacou a integrante do Summer Institute for Israel Studies da Brandeis University.

    Sensação de segurança

    Ainda que, nas ruas, a popularidade do primeiro-ministro estivesse em queda, a sensação de que ele mantinha o país em segurança era o ponto de apoio do governo de extrema-direita. Karina Calandrin explica que, na eleição de 2022, Netanyahu teve o voto de jovens que não haviam vivenciado experiências de guerra no território israelense.

    “A gente tem que lembrar que a Geração Z, que hoje são adolescentes e jovens adultos, não viu guerras. Quando houve a Guerra no Líbano, em 2006, eles eram crianças e não tiveram a dimensão do que foi o conflito com o Hezbollah. Eles viveram um período em que não houve uma intifada, apenas mísseis do Hamas. Então eles sempre entenderam que isso era graças ao Netanyahu, que assumiu o governo em 2009 e permaneceu até 2021. Então é importante entender esse contexto da visão do israelense jovem médio, que ele entende que Netanyahu consegue manter Israel seguro”, argumenta Calandrin.

    A guerra iniciada no sábado (7) colocou em cheque essa capacidade. A invasão surpresa de integrantes do Hamas, grupo que é considerado terrorista pelos Estados Unidos e pela União Europeia, tem sido apontada por especialistas como uma falha no sistema de inteligência israelense.

    Para Calandrin, o primeiro-ministro subestimou o Hamas e colocou a população em risco, “o ataque é um golpe para Netanyahu, porque ele demonstrou que não consegue manter Israel seguro”.

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