Conflito na Ucrânia pode levar a uma “guerra fria 2.0”, diz diretor da Eurasia
Para Christopher Garman, mesmo que a ofensiva militar acabe, sanções econômicas e isolamento da Rússia devem perdurar

Para o cientista político Christopher Garman, diretor-executivo para as Américas da consultoria Eurasia, mesmo que a guerra na Ucrânia não demore a acabar, o redesenho que já está provocado nas forças geopolíticas deve perdurar e levar ao que chamou de "guerra fria 2.0".
"A gente acredita que uma versão de guerra fria 2.0 é o mais provável", disse Garman, que falou em entrevista à CNN neste sábado (26), referindo-se aos possíveis cenários mesmo após um eventual término dos ataques militares da Rússia na região.
"Claro que nós, da Eurasia, atribuímos uma probabilidade à saída diplomática de 30%, mas não vemos sinais para este caminho. O que acredito é que, se continuamos com um cenário em que a Rússia continua a ocupar parte da Ucrânia, e as sanções não saem, aí o que vemos é uma versão do isolamento da Rússia no cenário internacional."
O enfraquecimento do G20, do qual a Rússia ainda faz parte, e um maior alinhamento da economia russa com os países asiáticos, são outras configurações desse novo cenário de maior isolamento descrito por Garman.
De acordo com ele, é até possível que a ofensiva militar em si se encerre nos próximos meses. "Essa guerra está sendo muito mais difícil do que Putin imaginava e chegando próxima a um fracasso", afirmou.
As diversas sanções econômicas à Rússia, porém, defende, devem continuar. Também devem se manter o movimento da Europa em reduzir sua dependência energética da Rússia e as restrições logísticas de produtos exportados pelos russos, como os fertilizantes consumidos pelo Brasil.
"É importante chamar a atenção que o fim do conflito militar não necessariamente significa uma saída diplomática e, igualmente importante para a economia global, a retirada das sanções postas sobre a Rússia."
Texto publicado por Juliana Elias