Entenda o que é o Batalhão de Azov, grupo de extrema-direita que luta na Ucrânia
Grupo armado começou como milícia voluntária ligada a ideologias de extrema-direita antes de ser incorporado a uma unidade da Guarda Nacional ucraniana


Autoridades da Ucrânia disseram na sexta-feira (25) que cerca de 300 pessoas foram mortas no ataque da Rússia a um teatro em Mariupol, cidade ucraniana sitiada pelos russos na guerra que assola o país.
Mas Moscou reagiu à tragédia negando sua responsabilidade: afirmou que o Batalhão Azov –também conhecido como Regimento Azov–, principal presença do exército ucraniano em Mariupol, foi quem destruiu o teatro, sem oferecer provas ou explicações.
“Os russos já estão mentindo, [dizendo] que o quartel-general do Regimento Azov estava lá. Mas eles próprios sabem perfeitamente que havia apenas civis”, disse Pavlo Kyrylenko, chefe da administração regional de Donetsk da Ucrânia, no Facebook na semana passada.
A Rússia já havia se referido ao Batalhão Azov dias antes, quando o ministro das Relações Exteriores, Sergey Lavrvov, afirmou que o Hospital Materno bombardeado em Mariupol estava “ocupado por militantes do Batalhão Azov e outros radicais”, novamente sem oferecer provas.
Mas o que exatamente é o Batalhão Azov e por que a Rússia, que alega ter invadido a Ucrânia em parte para “desnazificar” o país, frequentemente os menciona?
O Batalhão Azov começou como uma milícia voluntária ligada a ideologias de extrema-direita antes de ser incorporado a uma unidade da Guarda Nacional em 2014, no contexto da anexação da Crimeia pela Rússia e a subsequente guerra civil entre forças ucranianas e rebeldes em ascensão em Donbass, onde lutam por Kiev.
De acordo com o Centro de Segurança e Cooperação Internacional da Universidade de Stanford (CISAC), este grupo armado “promove o nacionalismo e o neonazismo ucraniano por meio de sua organização paramilitar Milícia Nacional e sua ala política Corpo Nacional”, liderada pelo fundador do grupo, Andriy Biletsky.
Enquanto isso, o grupo de investigação jornalística Bellingcat apontou em 2020 que “indivíduos do movimento Azov são abertamente hostis à democracia, amigos do nazismo e admiradores de terroristas de extrema-direita”.
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Na quarta-feira, 16 de março, um teatro usado como abrigo em Mariupol foi atingido por um suposto ataque aéreo russo, segundo a Ucrânia. Imagens de satélite mostraram a palavra "crianças" escrita nos dois lados de edifício • Maxar Technologies
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Ataque a shopping center no distrito de Podilsky, em Kiev, deixou ao menos oito mortos. Destroços e escombros foram capturados do lado de fora • Ceng Shou Yi/NurPhoto via Getty Images (20.mar.2022)
O Soufan Center observou, em 2019, que “o Batalhão Azov surge como um nó crítico no violento movimento transnacional de extrema-direita”.
De fato, o grupo foi flagrado recrutando na França e, acredita-se, no Brasil.
Em seu site, o Batalhão Azov rejeita qualquer vínculo político e sustenta que a unidade foi criada em 2014 “para combater o terrorismo russo”. e que faz parte da estrutura da Guarda Nacional, subordinada ao governo e à Constituição da Ucrânia.
O regimento foi criado como milícia em março de 2014, em convênio com o CISAC, e ganhou notoriedade em junho daquele ano ao participar da recuperação da cidade de Mariupol, então nas mãos de rebeldes. Agora, na guerra desencadeada pela Rússia em 24 de fevereiro, eles lutam mais uma vez em Mariupol –às margens do Mar de Azov–, desta vez resistindo ao ataque russo.
Sua ideologia extremista levou o Facebook a banir frequentemente conteúdo elogiando o grupo. No entanto, desde o início da guerra, essa proibição foi abandonada pela Meta, empresa controladora do Facebook.
Joe Osborne, porta-voz da empresa, disse anteriormente que a empresa estava “por enquanto fazendo uma pequena exceção para elogiar o Batalhão Azov estritamente no contexto da defesa da Ucrânia, ou em seu papel como parte da Guarda Nacional Ucraniana”.
Com informações de Andrew Carey, Olga Voitovych, Tim Lister, Lev Golinkin, Timothy Fadek, Reuters e Rishi Iyengar