Confrontos na RD Congo se intensificam após cerimônia de paz de Trump
Grupo rebelde apoiado por Ruanda disse que não está vinculado à proposta dos EUA, que visa o fim dos conflitos

Os combates se intensificaram no leste da República Democrática do Congo nesta sexta-feira (5), um dia depois do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter recebido líderes congoleses e ruandeses em Washington para assinar novos acordos com o objetivo de pôr fim a anos de conflito em uma região rica em minerais.
O presidente da RD Congo, Félix Tshisekedi, e o de Ruanda, Paul Kagame, reafirmaram que o compromisso com o acordo mediado pelos EUA, firmado em junho, tinha como objetivo estabilizar o país e abrir caminho para mais investimentos ocidentais em mineração.
"Estamos resolvendo uma guerra que já dura décadas", afirmou Trump. No entanto, no território africano, os intensos combates continuaram.
O grupo rebelde AFC/M23, apoiado por Ruanda, que tomou as duas maiores cidades do leste da RD Congo no início deste ano e não está vinculado ao acordo de Washington, afirmou que as forças leais ao governo estavam realizando ataques generalizados.
Um porta-voz do Exército congolês disse que os confrontos continuavam e que as forças ruandesas estavam realizando bombardeios.
Famílias fogem dos confrontos
Analistas dizem que a diplomacia dos EUA interrompeu a escalada dos combates no leste da RD Congo, mas não conseguiu resolver as questões centrais, sendo que nenhum dos países cumpriu as promessas feitas no acordo de junho.
Vídeos compartilhados online nesta sexta-feira (5) mostraram dezenas de famílias deslocadas fugindo a pé com pertences e animais perto da cidade de Luvungi, na província de Kivu do Sul, no leste do país africano. A agência Reuters não conseguiu verificar a autenticidade das imagens imediatamente.
“Inúmeras casas foram destruídas e mulheres e crianças perderam tragicamente suas vidas”, escreveu Lawrence Kanyuka, porta-voz da AFC/M23.
As forças leais ao governo congolês “continuaram seus ataques implacáveis contra áreas densamente povoadas de Kivu do Norte e Kivu do Sul, usando caças, drones e artilharia pesada”, escreveu ele no X, sem fornecer um número total de vítimas.
Um porta-voz do Exército congolês confirmou à Reuters que confrontos continuavam nesta sexta-feira ao longo do eixo Kaziba, Katogota e Rurambo, na província de Kivu do Sul.
“Há deslocamento populacional em Luvungi devido aos bombardeios das Forças de Defesa de Ruanda. Eles estão bombardeando indiscriminadamente”, disse ele.
O Exército e os porta-vozes do governo de Ruanda não estavam imediatamente disponíveis para comentar.
Um alto funcionário da AFC/M23 disse à Reuters que as forças rebeldes retomaram a cidade de Luberika e abateram um drone do exército congolês. Ele pediu anonimato, pois não estava autorizado a falar com a imprensa.
“A guerra continua no terreno e não tem nenhuma relação com a assinatura do acordo que ocorreu ontem em Washington”, afirmou.



