Crise com Talibã fez Biden ser desaprovado pela 1ª vez nos EUA, diz professora
Fernanda Magnotta, que coordena o curso de Relações Internacionais da FAAP, explicou alteração da opinião pública norte-americana em relação a atuação do país no Afeganistão
A crise desencadeada no Afeganistão com a retirada das tropas norte-americanas do país já impacta na popularidade do presidente Joe Biden, avalia a coordenadora do curso de Relações Internacionais da FAAP, Fernanda Magnotta.
O prazo final dado pelo grupo islâmico Talibã para a saída definitiva dos Estados Unidos do Afeganistão é em 31 de agosto. Militares ainda presentes em Cabul correm para retirar equipamentos e aprovar os últimos vistos para afegãos aliados que desejam deixar o país.
Em entrevista à CNN nesta segunda-feira (30), a professora lembrou que, no início do mandato de Biden, a opinião pública americana era muito aberta a ideia de que os Estados Unidos deveriam deixar o Afeganistão após 20 anos de conflito — a guerra mais longa da história do país e uma das mais caras também.
“Os números apontavam em torno de 70% de aprovação popular [para a retirada dos EUA do país], ou seja, a opinião pública era majoritariamente favorável a essa ideia”, disse Fernando. “O problema é que a execução levada a cabo pelo governo Biden fez com que a reputação do presidente e a própria percepção dos norte-americanos sobre essa atitude fosse revisitada.”
Segundo Fernanda, a opinião popular nos EUA em relação a atuação do país no Afeganistão mudou ao longo do último mês. “Hoje seria algo em torno de 40% e essa mudança também reflete em termos de popularidade do presidente Biden, que alcançou agora a pior marca histórica em relação a sua aprovação”, afirmou.
“Aliás, pela primeira vez, na semana passada, a desaprovação superou a aprovação — o que significa uma reação da opinião pública em relação ao que assistimos”, completou a professora.
Fotos – Imagens da evacuação no Afeganistão
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Soldado americano cuida de criança em um dos pontos de checagem no aeroporto de Cabul • U.S. Marine Corps/Sgt. Victor Mancilla/AP
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Soldados americanos fazem a segurança da região do Aeroporto de Cabul, no Afeganistão • US Marine Corps/AP
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Multidão aguarda do lado de fora do aeroporto em Cabul • , Afeganistão25/08/2021 foto obtida via rede social. Twitter/DAVID_MARTINON via REUTERS
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Centenas de pessoas ainda tentam entrar no aeroporto de Cabul para deixar o Afeganistão • Wali Sabawoon - 26.ago.2021/AP
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Soldados americanos nos arredores do aeroporto de Cabul, no Afeganistão • AP/US Marin Corps
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Pessoas deixam o Afeganistão pelo aeroporto internacional de Cabul • Sgt. Samuel Ruiz/Corpo dos Fuzileiros Navais dos EUA/Divulgação via REUTERS
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Famílias retiradas do Afeganistão desembarcam no Aeroporto Internacional Washington Dulles, nos EUA • Jose Luis Magana - 25.ago.2021/AP
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Multidão exibe seus documentos para tropas norte-americanas do lado de fora do aeroporto em Cabul • , Afeganistão26/08/2021 REUTERS/Stringer
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Mulheres afegãs chegam em aeroporto em Washington • AP Photo/Jose Luis Magana
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Centenas de afegãos tentaram embarcar à força em avião americano em fuga desesperada da capital Cabul após invasão do Talibã
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Exército alemão também retirou-se por completo do Afeganistão • (AP Photo/Martin Meissner)
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Oficial dos EUA cuida de um bebê afegão durante checagem para evacuação • Cpl. Davis Harris/U.S. Marine Corps via AP
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EUA e voos de coalizão retiraram 21.600 pessoas de Cabul em 24 horas • IMAGEM DE SATÉLITE 2021 MAXAR TECHNOLOGIES/Handout via REUTERS
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Centenas de norte-americanos e afegãos embarcam em avião C-17 da Força Aérea dos EUA no Aeroporto Internacional Hamid Karzai, em Cabul • Sgt. Donald R. Allen - 24.ago.2021/U.S. Air Force via AP
No entanto, ela lembrou que, em política externa, o peso que se dá em questões governamentais não costuma impactar domesticamente. “O público é sensível a temática, tanto que esses números acabaram se alterando, mas, ao longo da história, a política externa não costuma definir eleições nos EUA.”