Derrota de Bolsonaro impulsiona Brasil no Ranking Mundial de Liberdade de Imprensa
País subiu 18 posições desde 2022 no índice, mas situação ainda é considerada “problemática” e notícias falsas são grande preocupação
O Brasil subiu 18 posições no Ranking Mundial de Liberdade de Imprensa, publicado nesta quarta-feira (3).
O índice é divulgado anualmente pela ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) e mede as ameaças contra jornalistas em 180 países.
O principal motivo do salto brasileiro foi a derrota nas eleições de outubro de 2022 do ex-presidente Jair Bolsonaro, “cujo mandato presidencial foi marcado por extrema hostilidade aos jornalistas, e a eleição do presidente [Luiz Inácio] Lula da Silva, dando esperança de uma melhoria”, segundo a RSF.
De maneira geral, o uso sistemático de notícias falsas por atores políticos, propagandas enganosas e a violência digital e física contra jornalistas continuam sendo os grandes problemas para a imprensa.
O Brasil foi o país que mais ganhou posições no ranking este ano. Mas a situação da liberdade de imprensa continua sendo considerada “problemática”.
Brasil atrás da Hungria
No índice atual, o Brasil está na 92ª posição, atrás de países como Hungria, Guiné-Bissau e Sérvia.
A RSF usa cinco indicadores para definir o ranking: contexto político, marco legal, contexto econômico, contexto sociocultural e segurança para os jornalistas.
A ONG também classifica a situação da liberdade de imprensa no mundo em cinco categorias: boa, satisfatória, problemática, difícil e muito séria.
Apenas oito países tem uma situação boa no quesito.
A campeã de liberdade de imprensa é a Noruega, situação que se repete há sete anos. Ela é seguida de: Irlanda, Dinamarca, Suécia, Finlândia, Holanda, Lituânia e Estônia – todos países do norte da Europa.
Chama a atenção que as Américas não tenham mais nenhum país nessa classificação.
A Costa Rica era a última nação com uma boa situação, mas perdeu cinco posições por conta de turbulências políticas.
Os Estados Unidos estão na 45ª posição e o Canadá, na 15ª.
Em 31 países, a situação é muito séria e os piores colocados são, sem grande surpresa, Irã, Vietnã, China e Coreia do Norte.
Volatilidade e fake news
O ranking deste ano revelou uma enorme volatilidade, com países ganhando ou perdendo muitas posições.
“Essa instabilidade é resultado do aumento da agressividade por parte das autoridades em muitos países e crescente animosidade contra jornalistas nas redes sociais e no mundo físico. A volatilidade também é consequência do crescimento da indústria de conteúdo falso, que produz e distribui desinformação e fornece as ferramentas para fabricá-lo”, diz Christophe Deloire, secretário-geral da RSF.
A propagação de notícias falsas continua, segundo a RSF, “confundindo-se entre o verdadeiro e o falso, o real e o artificial, os fatos e as narrativas, pondo em risco o direito à informação”.
A entidade está cada vez mais preocupada com “a capacidade sem precedentes de adulterar conteúdo para minar aqueles que personificam o jornalismo de qualidade e enfraquecer o próprio jornalismo”.