Deslizamentos de terra na China deixam pelo menos quatro mortos

Oito pessoas estão desaparecidas após chuvas intensas

Farah Master, da Reuters, de Pequim
Caminhão em enchente na China  • CCTV
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Rios, cursos d'água e reservatórios transbordaram em toda a China e agravaram inundações e deslizamentos de terra nesta segunda-feira (28).

Quatro pessoas morreram em um deslizamento de terra no norte do país e oito estão desaparecidas.

Pelo menos 41 rios em todo o país transbordaram, informou a emissora estatal CCTV, citando o Ministério de Recursos Hídricos da China.

O ministério afirmou ter emitido alertas de inundação para rios de pequeno e médio porte.

Tempestades se intensificaram em Pequim e províncias vizinhas nesta segunda-feira (28), incluindo na China central, como Hunan e o norte da Mongólia Interior.

Na área suburbana de Miyun, em Pequim, mais de 4.400 pessoas foram realojadas após enchentes repentinas e deslizamentos de terra inundarem diversas vilas, informou a CCTV.

Em um centro de atendimento a idosos em Miyun, algumas pessoas ficaram presas quando o nível da água subiu até quase o teto, informou a emissora.

Serviços de resgate de emergência nadaram até o prédio e usaram cordas para resgatar 48 pessoas.

Imagens divulgadas no aplicativo chinês WeChat mostraram áreas onde carros e caminhões flutuavam em uma estrada inundada, onde o nível da água havia subido tanto que parte de um prédio residencial ficou submerso.

A falta de energia também afetou mais de dez mil pessoas na região, informou a CCTV.

O norte da China registrou precipitação recorde nos últimos anos, expondo cidades densamente povoadas, incluindo Pequim, a riscos de inundação.

Aumento de tempestades na China

Alguns cientistas atribuem o aumento das chuvas no norte do país, que é geralmente árido, ao aquecimento global.

O Observatório Meteorológico Central da China afirmou que fortes tempestades continuariam a atingir o norte do país nos próximos três dias.

Pequim emitiu alerta máximo de inundação nesta segunda, e o observatório meteorológico informou que a chuva se intensificaria após as 20h, no horário local, principalmente na segunda metade da noite.

A maioria das áreas da cidade teria mais de 150 mm de chuva em seis horas e algumas áreas poderiam chegar a mais de 300 mm, acrescentou.

As tempestades fazem parte de um padrão mais amplo de condições climáticas extremas na China devido às chuvas de monções do Leste Asiático, que causaram transtornos na segunda maior economia do mundo.

A vila de Xiwanzi, na cidade de Shicheng, perto do reservatório de Miyun, foi severamente afetada, informou a CCTV nesta segunda-feira (28), com mais cem moradores transferidos para uma escola primária para se abrigarem.

Isso ocorre depois que o pico máximo de vazão da enchente no reservatório de Miyun atingiu um recorde de 6.550 metros cúbicos por segundo, informaram as autoridades de Pequim no domingo (27).

Dois trechos de estradas de alto risco foram fechados no distrito de Pinggu, em Pequim, segundo as autoridades.

Na província de Shanxi, também situada no norte da China, vídeos da mídia estatal mostraram estradas inundadas por fortes correntes de água e vegetação submersa, incluindo plantações e árvores.

Shaanxi, lar da histórica cidade chinesa de Xian, também emitiu alertas de risco de desastres por enchentes repentinas nesta segunda-feira (28).

As autoridades estão realizando trabalhos de busca e salvamento em cidades como Datong, onde um motorista perdeu o contato enquanto dirigia em meio às enchentes, informou o Diário do Povo.

Duas pessoas morreram e duas estão desaparecidas na província de Hebei, informou a CCTV na manhã de domingo (27).

Choveu um recorde de 145 mm por hora durante a noite em Fuping, na cidade industrial de Baoding, a sudoeste da capital.

No grande cânion Liudiequan, em Hunan, na cidade de Chunkou, a água subiu tão rapidamente no domingo que um turista foi arrastado pela correnteza, informou a CCTV.

A Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China informou nesta segunda-feira (28) que estava providenciando urgentemente 50 milhões de yuans (aproximadamente R$ 38 milhões) para apoiar Hebei.

Os fundos seriam usados para reparar estradas e pontes danificadas, diques de conservação de água, escolas e hospitais na área do desastre.

A NDRC disse estar "promovendo a restauração da vida e da produção normais o mais rápido possível".

As autoridades chinesas monitoram de perto as chuvas extremas e as inundações severas, que desafiam as antigas defesas contra enchentes do país, ameaçam desalojar milhões de pessoas e causam estragos no setor agrícola chinês, avaliado em US$ 2,8 trilhões.