Dia da Vitória servirá para demonstração bélica russa ao Ocidente, diz especialista
O professor de relações internacionais Leonardo Trevisan afirmou à CNN que Putin deve enviar um recado aos países ocidentais sobre o poderio militar da Rússia durante desfile comemorativo
A Rússia se prepara neste domingo (8) para o “Dia da Vitória”, data que celebra o triunfo da antiga União Soviética contra a Alemanha na Segunda Guerra Mundial. O desfile militar em tom de comemoração ocorrem em meio à guerra na Ucrânia, o que torna o evento ainda mais relevante aos olhos do resto do mundo.
Em entrevista à CNN, o professor de relações internacionais e geoeconomia da ESPM Leonardo Trevisan afirmou que a celebração tem uma carga simbólica “muito forte” para os russos, e que Putin deve aproveitar o desfile militar para enviar um alerta ao Ocidente.
“Todos os dirigentes russos se aproveitaram dessa memória da segunda guerra, mas Putin foi o mais hábil nesse processo. Neste período da guerra na Ucrânia, que ele chama de operações especiais, havia uma espécie de desconfiança que ele usaria o desfile para chamar o conflito pela primeira vez de guerra mesmo, para de alguma forma fazer anúncios de mais ações na Ucrânia, mas não é o que está se consolidando”, disse.
“Ao que parece, a situação continuará a mesma, o que a Rússia efetivamente irá fazer é uma demonstração de poderia bélico, um alerta ao Ocidente como um todo”, pontuou o professor.
Trevisan também declarou que jornalistas independentes russos estavam com receio de que Vladimir Putin mudasse o perfil das convocatórias para a guerra.
Até o momento, a Rússia convocou somente soldados profissionais, mas havia o temor de que Putin poderia mudar e chamar para o conflito pessoas que estão fazendo apenas serviço militar, ou até mesmo apelar para as reservas.
“Imaginem a tensão das mães russas ao ficarem imaginando que seus filhos podem ser convocados. Há um receio muito forte na realidade social russa sobre esse anúncio do Putin, porque ele está precisando de mais recursos humanos na guerra devido à resistência dos ucranianos”, acrescentou.
*Texto publicado por Fabricio Julião Filho, da CNN Brasil, em São Paulo