Disputa diplomática entre Trump e Petro preocupa cidadãos colombianos
Ameaças dos EUA sobre aumento de tarifas e corte de subsídios geram ansiedade na população, que teme impactos econômicos e restrições de vistos

Colombianos expressam uma mistura de frustração e preocupação em meio a uma crescente disputa diplomática entre os líderes da Colômbia e dos Estados Unidos.
O presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçou cortar subsídios e aumentar tarifas sobre a Colômbia, que ele considera ter falhado amplamente no combate aos cartéis de drogas que produzem narcóticos ilegais e os enviam para os EUA.
Em uma publicação no Truth Social no domingo (19), o líder americano acusou Petro de ser "um líder do tráfico de drogas que incentiva fortemente a produção massiva de drogas", que respondeu dizendo que Trump era "grosseiro e ignorante" em relação à nação sul-americana.
As declarações — as mais recentes em uma série de farpas entre os dois líderes — alimentaram a ansiedade entre os cidadãos colombianos, que temem que a disputa possa ter sérias consequências para suas vidas.
"Não acho certo que os justos paguem pelos pecadores. Se Trump impuser mais tarifas, muitos empregos serão perdidos e muitas empresas irão à falência", disse Ángel Duarte, um taxista colombiano.
Se novas tarifas forem impostas, o impacto no comércio seria substancial, já que os Estados Unidos são o maior parceiro comercial da Colômbia, respondendo por 30% das exportações colombianas, segundo a Associação Nacional de Comércio Exterior da Colômbia.
Petróleo, café, flores, ouro, frutas e bens manufaturados são os principais produtos que dependem das compras americanas.
Um aumento nas tarifas tornaria as principais exportações mais caras e afetaria trabalhadores e consumidores.
Conflito entre Trump e Petro
Sofia Anaya, uma dona de casa na Colômbia, preocupa-se que a disputa também afete a capacidade das pessoas de obterem vistos. "Tenho minha filha nos Estados Unidos e preciso renovar meu visto este ano", disse ela à CNN.
Ela argumentou que o presidente colombiano trouxe isso para si mesmo, dado o número de vezes que insultou Trump.
Petro já entrou em conflito com a administração Trump sobre questões de migração e tráfico de drogas.
Em setembro, ele pediu que autoridades americanas, incluindo Trump, enfrentassem "processos criminais" por ataques americanos contra supostos barcos de tráfico de drogas no Caribe.
Os EUA posteriormente revogaram o visto de Petro depois que ele discursou em uma manifestação pró-Palestina em Nova York e pediu aos soldados americanos que desobedecessem às ordens de Trump.
O estudante universitário colombiano Gustavo Cuesta, por sua vez, culpou o presidente dos EUA.
"Chamar o presidente Gustavo Petro de líder do tráfico de drogas é um insulto a todo o país". "E isso deve ser rejeitado", disse ele. "Trump não é o dono do mundo. É preciso mostrar respeito", disse ele.
Javier Gaitán, um aposentado colombiano, afirmou que ambos os presidentes merecem críticas:
"Os dois falam sem considerar as consequências. Enquanto isso, os traficantes seguem tranquilos. Aqui na Colômbia, o problema das drogas não tem solução. Há muito dinheiro envolvido", disse Gaitán.
A ameaça de Trump de cortar o financiamento faria a Colômbia perder seu maior provedor de assistência econômica e militar no combate ao narcotráfico, incluindo recursos para a erradicação de cultivos ilícitos como coca e papoula, utilizados na produção de cocaína e heroína.
Os fundos somam cerca de US$ 450 milhões anualmente, embora Trump não tenha especificado quais itens cortaria.
"Petro precisa encontrar uma maneira de resolver isso com os gringos", disse Duarte. "No final, quem sai prejudicado é o povo."