Em teste para a força dos separatistas, Catalunha realiza eleições regionais
Pesquisas mostraram socialistas – contrários à independência, mas a favor do diálogo – ligeiramente à frente, mas com necessidade de coalizão para governar
Os eleitores da Catalunha, na Espanha, foram às urnas neste domingo (14) para uma eleição que testará a força do movimento pró-independência da região em meio à pandemia do novo coronavírus.
Se a eleição for vencida pelos partidos separatistas, que comandam a região, ou pelos socialistas que lideram o governo central da Espanha, é improvável que leve a uma repetição da caótica e efêmera declaração de independência do final de 2017.
Mas ainda será um sinal importante do apelo dos separatistas e pode afetar a trajetória política do movimento pró-independência nos próximos anos. As pesquisas de opinião sugerem um baixo comparecimento em razão da preocupação dos eleitores com o risco de contágio nas seções eleitorais.
Na última eleição, realizada meses após a tentativa fracassada de independência, um partido centrista anti-independência ficou em primeiro lugar, mas os dois principais partidos separatistas rivais, os Junts, de centro-direita, e Esquerra Republicana de Catalunya, de esquerda, se aliaram para formar um governo.
As tensões diminuíram substancialmente desde então, e a campanha se concentrou amplamente em como enfrentar a pandemia.
Pesquisas recentes mostraram que os socialistas – que se opõem à independência, mas são a favor do diálogo – estavam ligeiramente à frente, embora precisem do apoio de outros partidos para poder formar o primeiro governo regional anti-independência em nove anos.
“É hora de reconciliar, construir pontes, dialogar e buscar acordos dentro da Catalunha”, disse o candidato socialista Salvador Illa, ministro da saúde da Espanha até duas semanas atrás.
Ele descartou governar com o apoio do partido de extrema direita Vox, que pode conquistar cadeiras no Parlamento da Catalunha pela primeira vez.
Se os separatistas conseguirem manter o controle, uma nova declaração de independência parece muito improvável, já que o movimento está dividido entre abordagens moderadas e confrontadoras e seus principais líderes estão presos ou fugiram da Espanha após os eventos de 2017.
“Sempre defendemos que é melhor concordar com um referendo com a Espanha”, disse Pere Aragones, candidato do Esquerra e chefe de governo catalão em exercício.
Ele disse que alcançar uma participação combinada de 50% dos votos permitiria que os separatistas pressionassem por um referendo a partir de uma posição forte, mas descartou qualquer movimento de independência unilateral no curto prazo.