Especialista explica diferenças entre Zaporizhzhia e Chernobyl
Pesquisador em ciência e tecnologia do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, Luís Antônio Albiac, falou à CNN após o ataque das forças russas contra a usina nuclear de Zaporizhzhia
Pesquisador em ciência e tecnologia do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN/CNEN-SP), Luís Antônio Albiac, falou à CNN, na noite desta quinta-feira (3), após o ataque das forças russas contra o complexo onde fica localizada usina nuclear de Zaporizhzhia, na Ucrânia. O especialista falou sobre as diferenças entre o complexo atingido nesta noite e a usina de Chernobyl, que sofreu um acidente nuclear em 1986.
Após pesquisa realizada na base de dados da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o especialista esclareceu que a usina de Zaporizhzhia é uma integrada por seis reatores nucleares –cada um deles produz 3.000 megawatts térmicos, a partir dos quais são obtidos 950 megawatts elétricos– e tem características diferentes de Chernobyl, também na Ucrânia.
“São reatores diferentes do tipo de Chernobyl. Todos os seis são reatores refrigerados a água pressurizada, enquanto os quatro reatores de Chernobyl eram refrigerados a água fervente e moderados a grafite. Era outro tipo de reator”, explica.
O ataque das forças russas não alterou os níveis de radioatividade no local, segundo informação enviada do órgão regulador ucraniano à AIEA.
Entretanto, o pesquisador explica as possíveis consequências mais graves que poderiam ocorrer caso os reatores fossem diretamente atingidos pelos projéteis.
“O acidente mais grave nesse caso seria algum tipo de ação que causasse dano às usinas, de modo a expor o cerne do reator, onde se encontram os elementos combustíveis nuclear da usina, no qual estão acumulados principalmente produto de fissão do urano, plutônio”, disse.
O pesquisador complementa explicando que “nesses produtos, se o dano for muito severo, eles podem vir a escapar para o meio ambiente e isso é tudo que não se deseja que ocorra”.
Ele compara com o caso da usina de Chernobyl: “Isso ocorreu com o reator 4, a central nuclear, em 26 de abril de 1986; e em 11 e março de 2011 em Fukushima aconteceu isso também, em quatro dos seis reatores daquela central”, lembra.
“A ideia é que nunca um reator permita vazamento ao meio ambiente, caso contrário as consequências são muito graves, porque muitos desses radionuclídeos têm meia vida. E alguns deles têm grande facilidade de se integrar ao meio ambiente e a sistemas biológicos”.
