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    EUA propõem que Conselho de Segurança da ONU se oponha a ataque a Rafah

    Texto também pediria cessar-fogo temporário nos combates entre Israel e Hamas

    Michelle Nicholsda Reuters

    Os Estados Unidos propuseram um projeto alternativo de resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas pedindo um cessar-fogo temporário na guerra entre Israel e Hamas e se opondo a uma grande ofensiva terrestre israelense em Rafah, no sul de Gaza, de acordo com o texto visto pela Reuters na segunda-feira (19).

    Washington tem sido avesso à palavra cessar-fogo em qualquer ação da ONU na guerra em Gaza, mas o projeto de texto dos EUA ecoa a linguagem que o presidente Joe Biden disse ter usado na semana passada em conversas com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.

    O projeto de texto dos EUA “determina que, nas atuais circunstâncias, uma grande ofensiva terrestre em Rafah resultaria em mais danos aos civis e no seu maior deslocamento, incluindo potencialmente para países vizinhos”.

    Israel planeja atacar Rafah, onde mais de 1 milhão dos 2,3 milhões de palestinos em Gaza procuraram abrigo, suscitando a preocupação internacional de que tal medida agravaria drasticamente a crise humanitária em Gaza.

    O projeto de resolução dos EUA diz que tal medida “teria sérias implicações para a paz e segurança regionais e, portanto, sublinha que uma ofensiva terrestre tão importante não deveria prosseguir nas atuais circunstâncias”.

    Não ficou imediatamente claro quando ou se o projeto de resolução seria submetido a votação no conselho de 15 membros. Uma resolução precisa de pelo menos nove votos a favor e nenhum veto dos Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Rússia ou China para ser adotada.

    Os EUA apresentaram o texto depois que a Argélia solicitou no sábado (17) que o conselho votasse na terça-feira (20) seu projeto de resolução, que exigiria um cessar-fogo humanitário imediato na guerra Israel-Hamas. A embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, rapidamente sinalizou que seria vetado.

    A Argélia apresentou um projeto de resolução inicial há mais de duas semanas. Mas Thomas-Greenfield disse que o texto poderia comprometer “negociações sensíveis” sobre reféns. Os EUA, o Egito, Israel e o Catar procuram negociar uma pausa na guerra e a libertação dos reféns detidos pelo Hamas.

    Washington tradicionalmente protege o seu aliado Israel da ação da ONU e vetou duas vezes resoluções do Conselho desde 7 de outubro. Mas também se absteve duas vezes, permitindo ao Conselho adotar resoluções que visavam aumentar a ajuda a Gaza e apelaram a pausas humanitárias urgentes e prolongadas nos combates.

    O projeto de texto dos EUA  rejeitaria qualquer tentativa de mudança demográfica ou territorial em Gaza que violasse o direito internacional.

    A resolução também rejeitaria “quaisquer ações de qualquer parte que reduzam o território de Gaza, numa base temporária ou permanente, inclusive através do estabelecimento oficial ou não das chamadas zonas tampão, bem como a demolição generalizada e sistemática de infraestruturas civis”.

    A Reuters informou em dezembro que Israel disse a vários estados árabes que pretende criar uma zona tampão dentro das fronteiras de Gaza para evitar ataques como parte das propostas para o enclave após o fim da guerra.

    A guerra começou quando combatentes do grupo militante Hamas, que governa Gaza, atacaram Israel em 7 de outubro, matando 1.200 pessoas e capturando 253 reféns, segundo registros israelenses. Em retaliação, Israel lançou um ataque militar a Gaza que, segundo as autoridades de saúde, matou mais de 28.000 palestinos, e teme-se que outros milhares de corpos tenham sido perdidos entre as ruínas.

    Em dezembro, mais de três quartos dos 193 membros da Assembleia Geral da ONU votaram a favor de um cessar-fogo humanitário imediato. As resoluções da Assembleia Geral não são vinculativas, mas têm peso político, refletindo uma visão global sobre a guerra.

    O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, há muito pede um cessar-fogo humanitário em Gaza. O chefe de ajuda humanitária da ONU, Martin Griffith, alertou na semana passada que as operações militares em Rafah “poderiam levar a um massacre”.

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