Guerra na Ucrânia impactou diretamente a ordem mundial, avalia especialista
À CNN Rádio, Denilde Holzhacker explica que o conflito acelerou um processo de polarização entre Estados Unidos e China
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Explosão é vista na capital ucraniana de Kiev na quinta-feira, 24 de fevereiro. Imagem ficou marcada com a explosão que deu início aos ataques russos • Gabinete do Presidente da Ucrânia
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Espaço aéreo na Ucrânia foi completamente fechado após invasão de tropas russas no país • Reprodução Flight Aware
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Uma visão do edifício danificado em Kiev, que foi atingido por um recente bombardeio durante a intervenção militar da Rússia na Ucrânia, em 26 de fevereiro de 2022 • Anadolu Agency via Getty Images
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Centenas de moradores de um prédio residencial danificado por um míssil se reúnem em um abrigo antibomba no porão de uma escola em Kiev, em 25 de fevereiro de 2022. • Getty Images
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Uma criança brinca no parquinho enquanto civis são vistos do lado de fora de um prédio residencial da região de Kiev, atingido durante intervenção militar russa, em 25 de fevereiro de 2022 • Anadolu Agency via Getty Images
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Grupos de pessoas com seus pertences dormindo em cadeiras e no chão da estação de Przemysl, seis dias após o início dos ataques da Rússia à Ucrânia, em 1º de março de 2022, em Przemysl, Polônia. A estação de Przemysl tornou-se um refúgio seguro para milhares de pessoas fugindo da guerra que a Rússia lançou contra a Ucrânia • Europa Press via Getty Images
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Homem foge com cachorro de Irpin, cidade ucraniana bombardeada pelos russos. Muitos ucranianos não deixaram os animais para trás na tentativa de sair do país para proteger-se da guerra • Chris McGrath/Getty Images
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Imagem mostra o momento em que proximidades da usina nuclear de Zaporizhzhia, na Ucrânia, são atingidas. O complexo foi atingido por projéteis disparados por forças russas no dia 4 de março. A planta é a maior do tipo em toda a Europa e foi incendiada logo depois da ofensiva • Reprodução
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Mulher ferida após confrontos na Ucrânia • Anadolu Agency via Getty Images
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Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, fala por meio de videoconferência, para a assembleia da ONU (Organização das Nações Unidas) em Nova York, em abril deste ano • Photo by Spencer Platt/Getty Images
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Mulher em ônibus com refugiados ucranianos de Mariupol, no sul do país • Chris McGrath/Getty Images
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Carrinhos deixados em estação de trem na Polônia para os refugiados que chegam da Ucrânia • Francesco Malavolta/UN Migration
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Refugiados da Ucrânia chegam a abrigo temporário em Korczowa, na Polônia • Sean Gallup/Getty Images
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Imagem divulgada pelo Ministério de Relações Exteriores da Ucrânia. Prédio cuja fachada apresenta marcas de explosão de um hospital infantil e maternidade • Foto: MFA Ucrânia / Twitter
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Imagens de satélite Maxar mostram destruição de mercearias e shopping centers no oeste de Mariupol, Ucrânia • Satellite image (c) 2022 Maxar Technologies/Getty Images
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Foto tirada por drone mostra destruição em prédio residencial de Mariupol, no sul da Ucrânia, em 14 de abril de 2022. • REUTERS
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Teatro atingido pelo o que ucranianos acusam de ser mísseis russos • Divulgação/Telegram
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Milhares de pessoas aproveitaram os corredores humanitários criados por tropas russas e ucranianas para deixar a cidade de Kiev • Reprodução/CNN Brasil (9.mar.2022)
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Corredores humanitários foram formados em regiões em conflito, na Ucrânia, para fuga de civis • Wolfgang Schwan/Anadolu Agency via Getty Images
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Membro de equipe de resgate caminha entrev escombros de área residencial destruída por ataque militar russo na região ucraniana de Donetsk • 27/09/2022 Serviço de Imprensa do Serviço de Emergência Estatal da Ucrânia/Divulgação via REUTERS
Seis meses após o início do conflito entre Rússia e Ucrânia, o momento é de ainda mais incertezas, avalia Denilde Holzhacker, professora de Relações Internacionais da ESPM.
Inicialmente, acreditava-se que Vladimir Putin encerraria a guerra em questão de poucas semanas. No entanto, a população ucraniana resistiu, e os russos decidiram concentrar suas batalhas no leste e no sul do país.
“Não há, dos dois lados, nenhuma indicação de que o conflito terá um final no curto prazo a partir de uma negociação ou de um empenho diplomático. A expectativa, então, é que ele continue durante o inverno europeu, o que levará a várias complicações”, afirma a professora em entrevista à CNN Rádio, acrescentando que não é possível estimar até quando o conflito vai durar e nem como vai terminar.
Na análise de Holzhacker, nesses 180 dias, a guerra teve impacto direto na ordem mundial, ao configurar dois grandes blocos, sendo um liderado pelos Estados Unidos e outro pela China.
“Apesar de o apoio chinês [à Rússia] não ser tão enfático, ela garantiu para a Rússia um acesso econômico e fez com que os embargos americanos e europeus tivessem efeito menor. Então isso deu uma sobrevida para os russos”, explica.
“Por outro lado, a gente percebe um fortalecimento da aliança entre os Estados Unidos e a Europa. Um efeito da guerra foi o reordenamento dessa aliança importante para os americanos e também um realinhamento entre os próprios europeus, que estavam em um momento de dificuldade em conciliar interesses”, adiciona.
Nesse sentido, para Denilde Holzhacker, fica demarcado um confronto entre China e Estados Unidos pela liderança global, o que afeta outras nações.
“Se aumentar a tensão entre essas duas grandes potências, países como o Brasil vão ser pressionados para que se defina qual é o seu lado, o que complica no nosso posicionamento”, diz.
Outro ponto destacado pela professora é o protagonismo das organizações internacionais. “Elas vinham de um processo de esvaziamento, que ganhou dinamismo não do ponto de vista militar, mas do papel humanitário e o quanto a Organização das Nações Unidas (ONU) foi essencial para assumir esse papel e a frente principalmente na questão dos refugiados”, ressalta.
Sanções e poder de barganha
A especialista avalia que as sanções impostas à Rússia terão um forte impacto no crescimento econômico do país, citando previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Ainda assim, ela observa que “a Rússia sofre sanções desde a anexação da Crimeia, então ela é um país que já estava numa situação econômica de limitações da sua atuação”.
“Por outro lado, Putin vem usando a seu favor a questão do abastecimento de energia, de gás para a Europa, e isso dá para ele poder de barganha forte, porque há dependência de países europeus, principalmente da Alemanha”, avalia.
“Mas, com o apoio chinês, a Rússia permaneceu capaz de vender tanto gás quanto petróleo para outros países, não só para os europeus. Dentro dessa lógica, ela conseguiu se equilibrar”, pontua.
Holzhacker também ressalta o apoio interno que Putin vem recebendo: “Quando a gente acompanha a mídia russa, se percebe que há forte nacionalismo, e isso dá sustentação para o governo dele”.
“A propaganda que é feita pelo governo, de que a Rússia está sofrendo uma pressão externa e o país tem que se unir e garantir a sobrevivência contra esse inimigo, é muito forte, o que garante a ele uma sustentação e uma capacidade de atuação ainda muito relevante”, conclui a professora.