Investigação da Anistia Internacional revela “padrão de crimes cometidos por forças russas” na Ucrânia
Pesquisadores passaram 12 dias investigando os supostos crimes e "visitando locais de vários assassinatos" em diversas cidades localizadas na região noroeste de Kiev, capital do país
As forças russas “devem enfrentar a justiça por uma série de crimes de guerra” cometidos na região noroeste de Kiev, capital da Ucrânia, disse a Anistia Internacional nesta sexta-feira (6) em uma coletiva de imprensa em Kiev após uma investigação realizada no país.
A investigação, baseada “em dezenas de entrevistas e extensa revisão de provas materiais”, documentou “ataques aéreos ilegais em Borodyanka e execuções extrajudiciais em outras cidades e vilarejos, incluindo Bucha, Andriivka, Zdvyzhivka e Vorzel”. A Rússia nega ataque a civis.
Uma delegação da Anistia Internacional conversou com sobreviventes, famílias de vítimas e altos funcionários ucranianos, disse o órgão de vigilância.
“O padrão de crimes cometidos pelas forças russas que documentamos inclui tanto ataques ilegais quanto assassinatos deliberados de civis”, disse a secretária-geral da Anistia Internacional, Agnès Callamard, em comunicado.
“Conhecemos famílias cujos entes queridos foram mortos em ataques horríveis e cujas vidas mudaram para sempre por causa da invasão russa. Apoiamos suas demandas por justiça e pedimos às autoridades ucranianas, ao Tribunal Penal Internacional e outros que garantam a preservação de provas que possam apoiar futuros processos por crimes de guerra”, disse.
Durante 12 dias de investigações, pesquisadores da Anistia entrevistaram moradores em Bucha, Borodianka, Novyi Korohod, Andriivka, Zdvyzhivka, Vorzel, Makariv e Dmytrivka, e “visitaram locais de vários assassinatos”, disse a Anistia.
Em Borodianka, a Anistia Internacional constatou que “pelo menos 40 civis foram mortos em ataques desproporcionais e indiscriminados, que devastaram um bairro inteiro e deixaram milhares de pessoas desabrigadas”.
Em Bucha e em várias outras cidades e vilarejos localizados a noroeste de Kiev, a Anistia documentou “22 casos de assassinatos ilegais cometidos por forças russas, a maioria dos quais aparentes execuções extrajudiciais”.
Em 1º e 2 de março, uma série de ataques aéreos russos atingiram oito prédios residenciais na cidade de Borodianka, que abrigava mais de 600 famílias, disse a Anistia.
“Os ataques mataram pelo menos 40 moradores e destruíram os prédios, assim como dezenas de casas ao redor. A maioria das vítimas foi morta nos porões dos prédios, onde procuraram abrigo. Outros morreram em seus apartamentos”, disse a Anistia.
A Anistia pediu que todos os responsáveis por crimes de guerra sejam responsabilizados criminalmente por suas ações.
“Sob a doutrina da responsabilidade de comando, superiores hierárquicos, incluindo comandantes e líderes civis, como ministros e chefes de Estado, que sabiam ou tinham motivos para saber sobre crimes de guerra cometidos por suas forças, mas não tentaram detê-los ou puni-los, também deve ser responsabilizado criminalmente”, diz a Anistia.
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Soldado ucraniano na linha de frente no Donbass, região leste da Ucrânia. As tropas se preparam para "nova fase" da ofensiva russa na região; veja imagens • Wolfgang Schwan/Anadolu Agency via Getty Images
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De acordo com um especialista ouvido pela CNN, a batalha na região pode desencadear o maior conflito entre tropas desde a Segunda Guerra Mundial • Diego Herrera Carcedo/Anadolu Agency via Getty Images
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“Agora podemos dizer que as forças russas iniciaram a batalha de Donbass, para a qual se prepararam há muito tempo”, disse Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia • Diego Herrera Carcedo/Anadolu Agency via Getty Images
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O exército da Ucrânia está se preparando para um novo ataque russo no lado leste do país desde que Moscou retirou suas forças de perto da capital Kiev e do norte ucraniano no final do mês passado • Diego Herrera Carcedo/Anadolu Agency via Getty Images
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O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, confirmou que Moscou está iniciando uma nova etapa do que chamam “operação militar especial”, e disse ter “certeza que este será um momento muito importante” do conflito. • Diego Herrera Carcedo/Anadolu Agency via Getty Images
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Forças ucranianas disparam míssil GRAD contra tropas russas na região do Donbass, em 10 de abril de 2022 • Wolfgang Schwan/Anadolu Agency via Getty Images
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Soldado ucraniano com veículo de disparo de míssil GRAD contra tropas russas na região do Donbass; há grande expectativa pelo envio de armas por parte de aliados do Ocidente • Wolfgang Schwan/Anadolu Agency via Getty Images
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“Estamos preparados para usar qualquer tipo de equipamento, mas ele precisa ser entregue com muita rapidez. E temos a capacidade de aprender a usar novos equipamentos. Mas precisa ser rápido", disse Zelensky • Wolfgang Schwan/Anadolu Agency via Getty Images
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”A artilharia não chegou, e isso faz com que os ucranianos estejam ainda em condições inferiores nesse combate. Os russos têm apoio por terra, mar — Ucrânia não tem mais marinha — e tem duas pontes sob o Estreito de Kerch que ajudam na logística russa”, disse à CNN o professor do Instituto de Estudos Estratégicos da UFF e pesquisador de Harvard, Vitelio Brustolin • Diego Herrera Carcedo/Anadolu Agency via Getty Images
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O movimento russo pode também tentar “completar o cerco e tomar Odessa e Kherson”, localizadas no sul ucraniano, o que tiraria o acesso da Ucrânia ao mar. “90% dos países que não têm acesso ao mar são pobres”, observou Brustolin • Diego Herrera Carcedo/Anadolu Agency via Getty Images
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Soldados ucranianos na linha de frente no Donbass em 11 de abril de 2022 • Diego Herrera Carcedo/Anadolu Agency via Getty Images
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Soldados ucranianos na linha de frente no Donbass em 11 de abril de 2022 • Diego Herrera Carcedo/Anadolu Agency via Getty Images
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“É por isso que é muito importante para nós não permitirmos que eles se mantenham firmes, porque esta batalha pode influenciar o curso de toda a guerra”, disse Zelensky sobre a batalha em Donbass • Diego Herrera Carcedo/Anadolu Agency via Getty Images
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Soldados ucranianos na linha de frente no Donbass, leste da Ucrânia, em 12de abril de 2022, disparando um projétil de artilharia • Diego Herrera Carcedo/Anadolu Agency via Getty Images
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Bunker ucraniano em Donbass • Diego Herrera Carcedo/Anadolu Agency via Getty Images
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Soldados ucranianos na linha de frente no Donbass em 11 de abril de 2022 • Diego Herrera Carcedo/Anadolu Agency via Getty Images
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Tanque na linha de frente no Donbass • Diego Herrera Carcedo/Anadolu Agency via Getty Images