Israel x Irã: Conselho de Segurança da ONU está "congelado", diz professor
Paralisia se deve principalmente ao poder de veto exercido pelos Estados Unidos, que frequentemente bloqueia resoluções propostas por Rússia e China
O professor de Relações Internacionais da FAAP, Lucas Leite, em entrevista à CNN, apresentou uma análise crítica sobre o papel da Organização das Nações Unidas (ONU) no atual conflito entre Israel e Irã.
Segundo o especialista, o Conselho de Segurança da ONU está "praticamente congelado", revelando uma preocupante incapacidade de ação efetiva na mediação deste embate internacional.
Leite explicou que a paralisia do Conselho de Segurança se deve principalmente ao poder de veto exercido pelos Estados Unidos, que frequentemente bloqueia resoluções propostas por Rússia e China, especialmente quando estas dizem respeito a Israel.
"Nós temos ainda, há mais de 40 anos, resoluções que são negadas, que são vetadas pelos Estados Unidos no Conselho de Segurança, quando dizem respeito a Israel", afirmou o professor.
Desafios estruturais da ONU
O especialista destacou que a eficácia da ONU está diretamente ligada aos recursos e ao apoio que recebe dos países membros.
"A ONU é resultado direto dos expostos e dos recursos que esses atores empenham nela", explicou Leite.
Ele ressaltou que, sem apoio objetivo, formal e material dos países, a organização perde a capacidade de agir efetivamente para mudar cenários de conflito.
Leite também chamou a atenção para a disparidade entre o orçamento da ONU para missões de paz e os orçamentos de defesa das principais potências mundiais. Segundo ele, o orçamento da ONU para estas missões frequentemente não chega a 1% do que as grandes potências investem em defesa, ilustrando a limitação de recursos da organização internacional.
O papel da Agência Internacional de Energia Atômica
O professor abordou ainda o papel da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) no contexto do conflito.
Apesar de reconhecer a credibilidade da agência, Leite apontou para uma possível seletividade em suas ações.
"Quando houve ataques de outros países, instalações, por exemplo, israelenses, houve, sim, uma chancela grande da AIEA em buscar rapidamente entender e justamente condenar esse tipo de ataque. Isso não aconteceu em relação às instalações do Irã", observou.
Lucas Leite concluiu enfatizando a necessidade de as instituições internacionais, como a ONU e a AIEA, buscarem manter sua credibilidade e imparcialidade.
Segundo ele, é crucial que estas organizações sejam vistas como confiáveis por todos os países envolvidos em conflitos, para que possam efetivamente cumprir seu papel de mediação e monitoramento em questões internacionais sensíveis, como programas nucleares e disputas territoriais.