Líder do Irã faz primeira aparição pública desde conflito com Israel

Aiatolá Ali Khamenei participou de evento religioso, segundo mídia estatal

Da Reuters
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O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, participou de um evento religioso neste sábado (5), segundo vídeo divulgado pela mídia estatal.

Essa é a primeira aparição pública de Khamenei desde o dia 13 de junho, data em que o conflito com Israel e que durou 12 dias teve início.

Durante a troca de ataques, comandantes iranianos do alto escalão e cientistas nucleares foram mortos.

Semanas escondido

Ali Khamenei, líder com o maior mandato no Oriente Médio, teria passado os 12 dias de conflito com Israel e os EUA escondido em um bunker com pouco acesso a comunicações externas.

Durante o conflito, tanto políticos israelenses quanto o presidente americano, Donald Trump, discutiram abertamente a possibilidade de derrubar o governo de Khamenei e depô-lo à força.

Após supostamente rejeitar um plano israelense para matar Khamenei, Trump declarou no final de junho que o ele era um "alvo fácil".

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, também não descartou a possibilidade de atacar o líder, dizendo que sua morte "não... intensificaria o conflito", mas sim o "encerraria".

Em uma declaração gravada e publicada em um local não revelado, dias após o início do cessar-fogo, Khamenei se mostrou desafiador, declarando vitória sobre Israel e os EUA.

Ele reservou um tempo para responder diretamente ao republicano que havia pedido a "rendição incondicional" do Irã pouco antes de ordenar ataques aéreos americanos.

“Este (conflito) não é sobre o nosso programa nuclear”, falou Khamenei. “Trata-se da rendição do Irã... em sua declaração, (Trump) revelou a verdade, mostrou a sua carta. Os americanos têm um problema fundamental com o Irã islâmico desde a nossa revolução.”

"E isso nunca vai acontecer", afirmou sobre a demanda do presidente americano.

No entanto, o conflito com Israel e os EUA provavelmente prejudicou a reputação do líder supremo no Irã, disseram analistas à CNN em junho .

Os ataques iniciais de Israel foram sem precedentes, matando alguns dos principais líderes militares do país no primeiro dia.

“A República Islâmica tinha um contrato social com a sociedade, que era privá-la de todas as liberdades... em troca de segurança”, afirmou Ali Vaez, diretor do Projeto Irã no International Crisis Group. “Agora, essa imagem foi destruída aos olhos do povo iraniano.”

EUA 'não permitirão' programa nuclear iraniano

A nova aparição pública do líder supremo do Irã ocorreu um dia após Donald Trump dizer a repórteres a bordo do Força Aérea Um que os EUA não permitirão que o Irã reinicie o programa nuclear.

"Se começassem, haveria um problema. Não permitiríamos que isso acontecesse", falou o presidente americano na sexta-feira (4).

Trump falou que discutiria os ataques anteriores com Netanyahu, que deve visitar Washington na próxima segunda-feira (7).

Os comentários ecoam declarações feitas anteriormente na sexta-feira (4) pelo ministro da defesa de Israel, Israel Katz, que afirmou que o país deve manter "superioridade aérea" sobre o Irã para garantir que ele não possa reconstruir programas de produção nuclear ou de mísseis.

O republicano reiterou a afirmação de que o Irã quer se reunir com os Estados Unidos para negociações, uma declaração que autoridades iranianas têm negado repetidamente.

O governo Trump discutiu a possibilidade de ajudar o Irã a acessar até US$ 30 bilhões para construir um programa nuclear para produção de energia civil, aliviar sanções e liberar bilhões de dólares em fundos iranianos restritos. Tudo isso como parte de uma tentativa cada vez maior de trazer Teerã de volta à mesa de negociações, disseram quatro fontes familiarizadas com o assunto.

Ameaça dos EUA

Após a intervenção dos Estados Unidos no conflito com o bombardeio a três instalações nucleares do Irã no final de junho, o líder supremo advertiu que agressões futuras terão um preço alto.

Khamenei também disse que a capacidade do Irã de atingir potencialmente as principais bases militares dos Estados Unidos é uma conquista considerável, e acrescentou que essas ações poderiam ser repetidas se a agressão fosse renovada.

O aiatolá ainda afirmou que os EUA deixaram claro que, em última análise, buscam a rendição do Irã.