Lula cancela jantar em Paris com príncipe herdeiro da Arábia Saudita
Presidente alegou oficialmente cansaço por agenda de reuniões cheia nos últimos dias; fontes do governo afirmaram à CNN que temor de repercussão negativa incentivou cancelamento

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cancelou sua participação em um jantar que seria oferecido pelo príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammad bin Salman, nesta sexta-feira (23), em Paris.
O encontro encerraria a agenda do dia do presidente na capital francesa, que contou com participação na cúpula do Novo Pacto de Financiamento Global, promovida pelo presidente francês, Emmanuel Macron.
A justificativa oficial dada pela assessoria de Lula para o cancelamento do compromisso foi o cansaço do presidente diante da agenda lotada nos últimos dias desde que iniciou a viagem oficial à Europa, na Itália.
No entanto, uma fonte do governo afirmou à correspondente da CNN Priscila Yazbek que a possibilidade da reunião repercutir negativamente incentivou a mudança na agenda.
A Arábia Saudita possui um longo histórico de violações aos direitos humanos, inclusive por parte de Bin Salman, apontado como o mandante do assassinato do jornalista crítico ao governo, Jamal Khashoggi.
Fontes do governo afirmaram que a agenda de Lula na capital francesa foi positiva, mas a participação no jantar seria um "tiro no pé", marcando negativamente a viagem e com possibilidade de se tornar a grande manchete a repercutir na mídia.
O presidente francês Emmanuel Macron também se encontrou com Bin Salman recentemente e, de acordo com Yazbek, enfrentou uma onda de críticas no país.
O analista sênior da CNN Américo Martins avaliou que a polêmica investigação envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e as joias dadas pelo governo da Arábia Saudita também pode ter influenciado a decisão de Lula pelo cancelamento.
O analista de internacional da CNN Lourival Sant'Anna classificou como "sábia" a decisão do presidente e uma demonstração de que Lula "vai calibrando seu discurso ao longo do caminho", após receber críticas pelo encontro e elogios feitos ao presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em Brasília.
*Publicado por Léo Lopes