Na ONU, Ucrânia diz que Rússia cometeu terrorismo nuclear na usina de Zaporizhzhia
Embaixador do país na ONU, Sergyi Kyslytya falou nesta sexta-feira (4) no Conselho de Segurança das Nações Unidas
Falando na reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) nesta sexta-feira (4), o embaixador da Ucrânia, Sergyi Kyslytya, afirmou que a Rússia cometeu “terrorismo nuclear” ao tomar a usina de Zaporizhzhia.
“Ontem foi cometido um ato de terrorismo nuclear quando a usina foi tomada”, colocou o embaixador.
Kyslytya disse que houve baixa entre funcionários que tentavam defender o local e que não foi possível fazer troca de turnos. Além disso, a rede de telefonia estaria interrompida e edifícios danificados.
“A unidade de geração de energia 1 está parada, parte do edifício está danificada. Unidades 2 e 3 estão desconectadas da matriz e o resfriamento está sendo conduzido. A Unidade 4 produz energia e a 5 e a 6 estão pausadas. O órgão de vistoria de energia atômica da Ucrânia não teve acesso à usina”, disse, acrescentando que, mesmo assim, não houve alteração no nível de radiação do local.
Ele requisitou à comunidade internacional “uma resposta à altura” do ataque russo, estando “decepcionado” com a reação da agência internacional de energia atômica. Também afirmou que o “bombardeio a Zaporizhzhia é um desrespeito ao tratado de não proliferação de armas nucleares”.
Pedindo a retirada dos russos de organizações internacionais, ele finalizou dizendo que “há um grupo entre nós que não faz nada. Ajam agora, ou talvez seja tarde demais. Não só para a Ucrânia, mas para todos”.
“O povo da Ucrânia está fazendo mais do que pode fazer, está pagando o preço máximo, incluindo com a própria vida”, disse o embaixador.
Embaixador russo culpa os ucranianos
Também durante a sessão do Conselho nesta sexta-feira (4), o embaixador da Rússia, Vassily Nebenzya, culpou os ucranianos de atacarem tropas russas e incendiarem um edifício na usina de Zaporizhzhia.
Nebenzya disse que a usina e os territórios próximos foram tomados por forças russas no dia 28 de fevereiro e que foi feito um acordo para a segurança da usina. Segundo o embaixador, “o objetivo é garantir a segurança da usina e não interrupção no fornecimento de energia para a Ucrânia e territórios europeus”. acrescentando que não interferem no trabalho dos funcionários.
“O objetivo é evitar que nacionalistas ucranianos, bem como outros terroristas, se beneficiem e façam provocações nucleares”, afirmou.
De acordo com a versão apresentada pelo embaixador russo, uma patrulha foi atacada por um “grupo de sabotagem ucraniano”, visando que revidassem e atingissem a usina. Os disparos teriam sido feitos do complexo de treinamento, local que foi alvejado pelos russos.
“Os sabotadores ucranianos, quando fugiram, colocaram fogo no centro de treinamento, que, preciso lembra-los, não está no território da usina nuclear. Os bombeiros puderam controlar o fogo”, pontuou.
Nebenzya também acusou a reunião do conselho de ser “uma tentativa das autoridades de Kiev de criar narrativas artificiais. E o Ocidente está ajudando”.
Entenda o conflito
Após meses de escalada militar e intemperança na fronteira com a Ucrânia, a Rússia atacou o país do Leste Europeu. No amanhecer desta quinta-feira (24), as forças russas começaram a bombardear diversas regiões do país – acompanhe a repercussão ao vivo na CNN.
Horas mais cedo, o presidente russo, Vladimir Putin, autorizou uma “operação militar especial” na região de Donbas (ao Leste da Ucrânia, onde estão as regiões separatistas de Luhansk e Donetsk, as quais ele reconheceu independência).
O que se viu a seguir, porém, foi um ataque a quase todo o território ucraniano, com explosões em várias cidades, incluindo a capital Kiev. De acordo com autoridades ucranianas, dezenas de mortes foram confirmadas nos exércitos dos dois países.
Em seu pronunciamento antes do ataque, Putin justificou a ação ao afirmar que a Rússia não poderia “tolerar ameaças da Ucrânia”. Putin recomendou aos soldados ucranianos que “larguem suas armas e voltem para casa”. O líder russo afirmou ainda que não aceitará nenhum tipo de interferência estrangeira.
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Manifestantes seguram placas com mensagens como "Pare a Guerra" e "Estamos com a Ucrânia" em um protesto em Munique, na Alemanha, no dia 3 de março de 2022 • Felix Hörhager/picture alliance via Getty Images
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Ucranianos, vivendo em Istambul na Turquia, juntam-se para protestar contra os ataques da Rússia à Ucrânia. Os manifestantes traziam cartazes com dizeres como "Vida Longa à Ucrânia" e "Sem Guerra" • Mehmet Eser/Anadolu Agency via Getty Images
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Protestos da Associação Democrática de Todos os Estudantes da Índia, levando cartazes e imagens de Vladimir Putin e Joe Biden com críticas à guerra entre a Rússia e a Ucrânia • Jit Chattopadhyay/SOPA Images/LightRocket via Getty Images
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Participantes da manifestação em Wesel, Alemanha, levantam cartazes. A organização Fridays For Future marchou em diversas cidades no dia 3 de março de 2022 contra a invasão russa da Ucrânia
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Manifestantes mostram apoio à Ucrânia em frente ao parlamento da Escócia, em Edimburgo, no dia 3 de março de 2022 • Jeff J Mitchell/Getty Images
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Pessoas levantam bandeiras e cartazes durante protesto contra o ataque russo à Ucrânia em frente à embaixada da Rússia em Vilnius, capital da Lituânia. A Lituânia é uma ex-república soviética e sofre pressão da Rússia • Paulius Peleckis/Getty Images
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Um grupo de apoiadores da organização de caridade Sunflower of Peace deixam girassóis do lado de fora da Embaixada da Rússia em Londres, marcando a primeira smeana da invasão da Ucrânia, no dia 3 de março de 2022 • PA Images via Getty Images
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Manifestantes anti-guerra se reúnem na Times Square, uma das principais vias da cidade de Nova York, nos EUA, em 2 de março de 2022 • Anadolu Agency via Getty Images
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Manifestantes levantam cartazes contra a invasão russa à Ucrânia, na Times Square, em Nova York, em 2 de março de 2022, que marcou o 7º dia da guerra • Tayfun Coskun/Anadolu Agency via Getty Images
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Manifestação contra a guerra na Ucrânia, na praça de Terlizzi, na Itália, em 2 de março de 2022 • Davide Pischettola/NurPhoto via Getty Images
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Membros da comunidade ucraniana no México protestam do lado de fora da Embaixada da Rússia na Cidade do México, em 2 de março de 2022 • Gerardo Vieyra/NurPhoto via Getty Images
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Cerca de 3.000 pessoas manifestaram-se contra a guerra na Ucrânia em Barcelona, na Espanha, em 2 de março de 2022 • NurPhoto via Getty Images
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Manifestantes mostram placas dizendo "Reze pela Ucrânia" em frente à Casa Branca, sede do governo dos Estados Unidos, em Washington D.C. • dpa/picture alliance via Getty Images
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Pessoas se manifestam em apoio à Ucrânia, na Avenida Paulista, em São Paulo, no dia 1º de março de 2022 • Anadolu Agency via Getty Images
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Protestos em Madrid em apoio à Ucrânia • Mari Palma e Phelipe Siani/CNN
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Esse ataque ao ex-vizinho soviético ameaça desestabilizar a Europa e envolver os Estados Unidos.
A Rússia vem reforçando seu controle militar em torno da Ucrânia desde o ano passado, acumulando dezenas de milhares de tropas, equipamentos e artilharia nas portas do país. Nas últimas semanas, os esforços diplomáticos para acalmar as tensões não tiveram êxito.
A escalada no conflito de anos entre a Rússia e a Ucrânia desencadeou a maior crise de segurança no continente desde a Guerra Fria, levantando o espectro de um confronto perigoso entre as potências ocidentais e Moscou.
(com informações da Reuters e da CNN Internacional)